Ponto de Vista da Serena
Por um segundo, pensei que o Bill realmente se importasse com a minha perna. Mas não, ele voltou a ser um babaca completo.
— Eu tropecei fora do hotel e... — Comecei a explicar.
— Sabe de uma coisa? Não interessa. Só vá pedir desculpas para a mamãe e para a Doris — Ele disse, sem sequer me deixar terminar.
E lá está ele de novo, me cortando como se eu fosse apenas um ruído qualquer. Aquilo era tão ridículo. Por que eu continuava tolerando ele me tratando como lixo?
Eu estava prestes a dizer ao Bill que ele ia ser pai, mas me controlei. Não podia deixar nosso filho crescer nos vendo brigando o tempo todo. Não era assim que relacionamentos saudáveis deviam ser. Honestamente, comecei a achar que talvez fosse melhor criar nosso bebê sozinha.
Baixei a cabeça e sussurrei, — Quero o divórcio.
Já estava dito — Não tinha mais volta. Mas, estranhamente, me senti mais leve, como se estivesse prendendo a respiração por tanto tempo e, finalmente a pudesse soltar.
O silêncio que se seguiu foi mortal. Bill não disse nada por um momento, como se estivesse tentando processar o que eu acabava de falar. Finalmente, ele se pronunciou,
— O quê? Você não pode estar falando sério — Com um tom de descrença total.
Olhei diretamente para Bill. Ele estava com uma expressão estranha, sobrancelhas franzidas, confuso.
— Sim, você ouviu muito bem, — disse, com uma clareza extra dessa vez. — Eu quero o divórcio, — Fiz questão de enfatizar cada palavra, para que não restassem dúvidas.
Dei tudo de mim naquele relacionamento. Até engoli meu orgulho para suportar a família do Bill. Mas, sendo honesta, aquilo estava além de qualquer conserto. E, além disso, o Bill já tinha deixado claro que estava interessado noutra pessoa. Ele não poderia ter sido mais evidente durante o jantar daquele dia.
Bill solta um suspiro pesado. Parecia que ia explodir, mas se segurou.
— Pare de falar besteiras agora.
— Não tem discussão aqui, Bill. Acabou — respondi, e de seguida estávamos travando um duelo de olhares. Eu recusei me intimidar.
— Você está agindo como uma criança, Serena — Disse o Bill, já perdendo a paciência. Clássico Bill, sempre achando que eu era a imatura nas nossas brigas. Ele sempre se colocava como o “Sr. CEO”, como se estivesse sempre certo. Tentar argumentar com ele é como falar com uma parede. Era simplesmente frustrante.
Mas, diferente das vezes anteriores, não iria o deixar vencer.
— Acho que três anos foram o suficiente, Bill...
Tudo bem, ali vinha, toda a porcaria que tive que aguentar do Bill e da família dele. Já tinha passado da hora de falar como me sentia diminuída quando a família dele agia como se eu fosse apenas a assistente que estava atrás do dinheiro dele. E o Bill, nem se dando ao trabalho de me dar atenção, flertando com a Doris bem na minha frente…
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