— A receita foi deixada pelo meu avô, é algo muito importante para a família Santos, não posso entregá-la tão facilmente. — disse Miguel Santos com voz mansa. — Vovó, somos todos da mesma família, precisamos mesmo tornar as coisas tão difíceis? Não importa o que tenha acontecido no passado, no fim das contas minha mãe se casou com meu pai, e a família Santos nunca tratou mal a minha mãe, não foi?
— Pá!
Assim que Miguel terminou de falar, Dona Júlia Lacerda agarrou uma xícara de café que estava à mão e a arremessou contra ele.
Miguel não conseguiu se esquivar a tempo e acabou levando uma pancada na cabeça, de onde começou a escorrer sangue.
Ele pressionou a testa ferida, o tom já levemente irritado:
— Vovó, por que está fazendo isso?
— Por quê? — gritou Dona Júlia, tomada de fúria. — Eu precisava te acordar pra vida, seu ingrato! Sua mãe te carregou por nove meses, sofreu tantas injustiças, e você, ao invés de defendê-la, está ajudando os outros a atacá-la? Onde foi parar a sua consciência?
— Eu não...
Miguel tentou se explicar, mas Dona Júlia o cortou:
— Volte lá e diga ao Gustavo Santos e àquela velha: quero cem milhões e a receita, nem um real a menos! E além disso, quero que sua mãe seja convidada de volta com um pedido de desculpas feito por ela mesma. Se não cumprirem, a família Santos que se prepare para a ruína!
— Dou duas horas pra vocês! — berrou Dona Júlia, apontando para a porta. — Agora, suma daqui!
Miguel foi praticamente expulso de casa, o rosto carregado de uma expressão sombria.
Ele se virou e olhou fixamente para o portão fechado da família Lacerda.
Em seu olhar, surgiu um lampejo de ódio.
Qualquer um que se colocasse em seu caminho merecia desaparecer.
Família Santos.
Quando Miguel voltou, toda a família estava reunida na sala à sua espera.
— Miguel, e aí? Eles aceitaram? — perguntou Dona Eliane, aflita.
Mas ele tinha certeza de que Gustavo Santos jamais faria algo tão repugnante.
Na verdade, Gustavo sempre demonstrou desprezo por Vânia Lacerda.
Esse desprezo se estendia até os próprios filhos, que ele tratava com frieza.
Qualquer pessoa razoável percebia que havia algo estranho nessa história — só Miguel, que se achava um gênio, acreditava em tudo aquilo.
Uma burrice sem tamanho.
Ele não entendia como alguém assim podia ser aprovado num teste de inteligência.
— Fique quieto! — Miguel falou em tom grave. — Pelo menos eu estou me esforçando para resolver isso, e você? O que tem feito além de reclamar?
— Não posso criticar? Se fosse a mestre Hadassa, nada disso teria acontecido. Você quis se exibir, agora não resolveu nada e ainda quer que todo mundo fique calado? Vai reclamar do quê, Miguel? Não tem razão nenhuma!

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