Maria Luíza Santos não respondeu ao Sr. Leão.
Ela pousou a xícara de café, caminhou até Antônio Goulart e fixou o olhar nele com firmeza.
— Eu não entendo por que Dona Rosa se apaixonou por você, mas imagino que deva haver algo em você digno do amor dela. Pelo menos, agora vejo uma pequena razão, algo que talvez justifique o sentimento dela.
Maria Luíza Santos afastou os cabelos sedosos dos ombros, prendendo-os atrás da orelha, e falou em tom sereno:
— Espero que sua estupidez termine por aqui.
Ela não conseguia admirar Antônio Goulart.
Apesar de toda a tolice de Antônio Goulart — permitir que sua própria filha sofresse durante tantos anos —, pelo menos ele sempre se manteve fiel a Dona Rosa.
O problema é que foi ingênuo demais, sendo manipulado por tanto tempo.
Antônio Goulart ergueu os olhos para ela.
O olhar de Maria Luíza Santos tinha um significado profundo.
Se fosse antes, ele não entenderia o que havia por trás daquele olhar.
Mas agora, era como se tivesse recuperado o juízo perdido, compreendendo o que Maria Luíza Santos queria lhe dizer.
San Jingyu cerrava os punhos com força, o rosto tomado por uma expressão dura.
— Não preciso do seu lembrete, sei exatamente o que devo fazer!
Maria Luíza Santos esboçou um sorriso discreto e logo se dirigiu ao Sr. Leão:
— Vou levar Mirella comigo...
Antes que terminasse a frase, Antônio Goulart interveio:
— Não! Ela é minha filha, você não pode levá-la!
Maria Luíza Santos apenas lançou-lhe um olhar gélido, sem nenhum vestígio de calor na voz:
— Por acaso acha que estou pedindo sua permissão?
Antônio Goulart foi intimidado pelo olhar dela, recuando instintivamente e suavizando o tom:
— Eu sei que errei... Devo muito à Mirella, quero me redimir, compensá-la pelo que passou...
Antes que ele terminasse, Mirella Goulart falou com firmeza:
— Não preciso da sua compensação, Sr. Goulart. A partir de agora, não temos mais vínculo algum.
O coração de Antônio Goulart se apertou.
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