Dom Alfa e a sua substituta humana romance Capítulo 177

Ella

Olá Ella, eu sou Leon. — Eu estou olhando desconfiadamente para o estranho, não confiando nem um pouco nele. Ele não pisca os olhos e continua como se eu não estivesse o observando como um coelho cauteloso prestes a fugir. — O Rei Gabriel me disse que você está procurando um hipnoterapeuta.

Eu não respondo, ainda o avaliando. Eu nunca gostei de médicos e com razão, mas depois de descobrir que o ginecologista que me incentivou a ir ao banco de esperma era um fraudador, estou ainda mais desconfiada de qualquer pessoa nessa área do que o normal.

Francamente, a ideia de deitar e fechar os olhos enquanto um estranho mergulha em minhas memórias mais profundas e sombrias me deixa enjoada. Se meu companheiro estivesse aqui, talvez fosse diferente, ele me proporcionaria a sensação de segurança que eu preciso para baixar minha guarda, mas ele não está aqui e meu lobo está muito alerta. Um rosnado baixo escapa da minha boca e sinto meus lábios se curvando para mostrar meus dentes.

Leon lança um olhar nervoso para Gabriel, que parece completamente indiferente. Ele faz um gesto para que o terapeuta continue, então Leon prossegue:

— Eu entendo que a hipnose pode parecer muito assustadora. — Leon reconhece, — Estamos procurando coisas que sua mente escondeu de você para sua própria proteção, mas eu garanto que faço isso há muito tempo e você está em boas mãos. Vou ajudar em cada etapa do processo e serei capaz de tirá-la do estado de sonho se ficar avassalador. Você pode ter alguém com você durante o processo, se quiser, mas precisa ter certeza de que é alguém com quem você se sinta confortável em compartilhar essas memórias.

Como você? — Eu zombo, sabendo que estou sendo desnecessariamente rude, mas não me importando. — Um homem aleatório da rua que não fez nada para conquistar minha confiança, mas espera que eu me exponha emocionalmente aos seus caprichos?

Gabriel abre a boca para falar, mas Leon ergue uma mão para o rei.

— Está tudo bem, ela está completamente certa. Normalmente, faríamos isso como parte de um regime de terapia muito mais amplo, onde teríamos o espaço e o tempo para formar um vínculo de confiança. Eu ficaria preocupado se você não se sentisse ansiosa com isso, Ella, mas também sei que o tempo é um luxo que não temos.

E se eu chamar a Cora? Tenho certeza de que ela ficaria feliz em ficar com você. — Gabriel sugere, intencionalmente falando com voz baixa e reconfortante.

Eu quero o Dominic. — Eu respondo bruscamente, com os braços defensivamente envolvendo meu corpo.

Gabriel suspira.

— Eu sei, mas ele não está aqui, Ella. Você terá que escolher outra pessoa.

Meu lábio treme perigosamente e, por um segundo, estou furiosa com Sinclair por me deixar fazer isso sozinha. Um momento depois, estou me culpando por ser tão egoísta, e lágrimas surgem nos meus olhos. Eu as piscos, odiando minha fraqueza.

— Nós poderíamos simplesmente atacá-lo — Minha loba sugere astutamente — Ele não parece tão forte, aposto que poderíamos dominá-lo. Não pode haver hipnose sem um hipnotizador.

Você tem um bom ponto. — Eu respondo, realmente gostando da ideia e maravilhada com minha própria sede de sangue. Nunca pensei em atacar alguém antes de tudo isso começar, e agora estou praticamente salivando com a ideia de pular no terapeuta desprevenido. Claro, um momento depois, imagino ter que contar a Sinclair que mordi o hipnotizador que Gabriel generosamente avaliou para nós, e deixo a ideia de lado — Não podemos — Eu digo a ela relutantemente — Dominic ficaria desapontado.

Tudo bem — Ela resmunga, mas ainda consigo sentir suas inclinações violentas pulsando em meu sangue, estimulando minha adrenalina e acelerando o meu coração.

— Ella? — Gabriel instiga, com um tom de advertência em sua voz. Acho que ele consegue perceber a direção dos meus pensamentos, mas lhe envio um olhar de desprezo.

Henry. — Eu decido, — Se ele estiver livre e disposto. — O Rei estava certo em presumir que eu me sentiria mais confortável com Cora se não pudesse ter meu companheiro, mas estou dolorosamente ciente da possibilidade de que essa sessão possa trazer horrores de nossa infância que não quero que ela tenha que ouvir ou reviver

Gabriel não se move.

— Se eu te deixar sozinha aqui, você vai tentar machucar o Leon?

Agora isso é uma ideia. Meu lobo se manifesta.

— Se Gabriel não estiver aqui, poderíamos nos livrar dele antes que o Rei Curioso volte, então não haveria nada para contar ao Dominic. Sem corpo, sem crime.

Eu consigo ouvi-lo abrindo embalagens plásticas, e meu medo aumenta um pouco. Ninguém mencionou nada sobre uma injeção. Eu não tenho problemas com agulhas, mas minha desconfiança desse homem faz com que meu lobo recue ao pensar nele colocando algo desconhecido em meu corpo. Talvez eu devesse ter pedido por Cora afinal, já que ela tem conhecimento médico que eu não tenho.

— Está tudo bem, Ella. — Henry diz suavemente, claramente percebendo meu ressurgimento de ansiedade. — Essa é uma droga comum em Vanara, as pessoas também a usam recreativamente e não há perigo.

Exatamente. — confirma Leon. — Vou ficar checando com você continuamente à medida que ela fizer efeito, e então vamos apenas conversar. Vou te perguntar sobre suas primeiras memórias, para me contar sobre sua vida crescendo. Eu não vou te controlar ou manipular de forma alguma, apenas te guiar através de suas memórias com a ajuda do Ether. Se ficar demais, eu tenho outra injeção que pode neutralizar a primeira. Caso contrário, vamos deixar a droga seguir seu curso. Depois, vamos conversar sobre tudo o que aconteceu e falar sobre quaisquer ferramentas para ajudar você a processar seus sentimentos. Vamos revisar coisas que não conseguimos abordar, desafios, coisas para focar na próxima vez. — ele conclui enquanto eu o observo terminar de preparar a injeção pelo canto do olho. — Vamos trabalhar juntos o tempo todo. Henry vai cuidar de você e também me ajudar a avaliar suas reações e estado mental, já que ele te conhece melhor. Como isso soa?

‘Terrível. Nada divertido. Ruim. Pare com isso!’. penso miseravelmente. Esse charlatão não entende como será lembrar da minha vida crescendo.

Ele não percebe que até mesmo perguntas simples são dolorosas ou difíceis para mim responder por causa de como as coisas foram terríveis. Mas eu prometi ao meu companheiro, e precisamos saber de onde eu vim. Ainda assim, com todas as coisas horríveis que eu me lembro, nem quero imaginar o quão ruim algo teria que ser para eu reprimir isso.

Existe a chance de não encontrarmos nada? De não haver nada que eu tenha bloqueado? — pergunto, mesmo sabendo o suficiente sobre mim mesma para perceber que provavelmente há. Eu bloqueei todas as memórias ruins por duas décadas, então provavelmente também bloqueei memórias.

Existe! — confirma Leon, — Mas, na minha experiência, você sempre aprende algo novo sobre si mesmo através desse processo. Seu cérebro conecta os pontos de coisas que você já sabia de maneiras novas, ou permite que você aprofunde as realizações sobre sua vida ou experiências. A terapia é sempre uma jornada, então não posso prever o que vamos encontrar, mas posso dizer que você será transformada ao final.

Respiro fundo com dificuldade, e quase consigo ouvir a voz de Sinclair em minha mente.

— Você consegue fazer isso. Você é mais forte do que imagina, pequena loba.

Apertando os olhos, faço um sinal para Gabriel, indicando a ele e aos guardas que nos deixem sozinhos.

— Apenas faça! — instruo, tentando me mostrar corajosa diante disso. — Estou tão pronta quanto posso estar.