Dom Alfa e a sua substituta humana romance Capítulo 688

-Pensei que você disse que um banho não ia mudar o jeito que eu cheiro agora?- Eu digo, franzindo a testa para Rafe.

-Vai ajudar,- ele diz, virando-se para mim e levantando as sobrancelhas. -Sério, Ariel, você... você cheira como se tivesse tomado um banho em eau d’Jackson. Não é uma coisa ruim, mas é... um perfume marcante.

Eu rio um pouco e ele acena para mim, saindo pela porta, claramente me deixando saber que me dará um minuto. Rafe fecha a porta atrás dele, mas não a deixa completamente fechada.

Silenciosamente, cruzo o quarto até Jackson, que mantém o olhar fixo em mim enquanto faço isso.

-Oi,- eu digo baixinho - a mesma coisa que eu disse ontem à noite quando apareci em sua porta. Mas desta vez eu digo com... um pouco menos de entusiasmo.

Jackson apenas sorri para mim, estendendo a mão para acariciar minha bochecha.

-Sinto muito mesmo, Jacks,- eu sussurro. -Não deveria ter acontecido assim.

-Não é sua culpa,- ele murmura.

-Ainda assim,- eu digo, minha voz baixa. -Você é quem teve que lidar com isso.

-Eu aguentaria coisas piores por você,- ele diz, seu sorriso crescendo um pouco.

Eu sorrio de volta, incapaz de evitar. Dou um passo mais perto e olho para o rosto dele. -Estamos bem?

-Estamos bem,- ele diz, estendendo a mão e colocando meu cabelo para trás da orelha do jeito que ele gosta. Mas algo em sua concisão - quero dizer, Jackson geralmente não fala muito de qualquer maneira, mas hoje...

Bem, consigo perceber que ele não se sente completamente bem.

Eu mordo o lábio, ansiosa. -Você... quer que eu fique?- eu pergunto, meio esperando que ele diga sim, me deixe ajudá-lo com isso, consertar tudo. Levanto-me um pouco nas pontas dos pés, trazendo meu rosto apenas um ou dois centímetros mais perto do dele. -Por um tempinho?

Mas Jackson apenas suspira e balança a cabeça. -Acho que preciso de um minuto, Ariel,- ele diz gentilmente, sem nenhuma malícia.

Ainda assim, meu coração afunda, e eu me abaixo até que meus pés estejam no chão, de repente preocupada. Ele está bravo comigo? Isso... isso é muito pior do que eu penso? Devo

Jackson apenas ri das emoções que ele sente através do vínculo, passando um braço em volta da minha cintura e me puxando para perto dele. -Não fique confusa com isso,- ele diz, balançando a cabeça para mim. -Estamos bem, Ariel. Eu só... Ella disse... ela disse que eu tenho permissão para ter um minuto. Para pedir um tempo sozinho quando preciso... pensar sobre as coisas. E descobrir como me sinto.

Eu o encaro por um segundo, absolutamente boquiaberta, antes de explodir em risos. -Sério!? Ella?- Ele sorri para mim. -Ella está por trás de toda essa conversa sobre limites e tirar um minuto!?

Seu sorriso se aprofunda. -Sim,- ele diz, acenando para baixo para mim. -Ela está do meu lado agora. Eu roubei sua mãe.

-Pois bem,- eu resmungo, estreitando os olhos brincalhona. -Você pode ficar com ela por enquanto. Ela vai querer alguém para fazer todo o trabalho pesado dos troncos de iule no solstício de inverno de qualquer maneira.

Ele sorri, dando um beijo na minha testa, murmurando que parece um acordo justo para ele.

Eu respiro fundo, apoiando-me nele, fingindo estar irritada. Mas na verdade, estou emocionada por ele estar se aproximando tanto da minha mãe e por ela estar o ajudando a lidar com todas essas emoções complicadas. Deixo ele sentir tudo isso através do vínculo. -Tome seu minuto, Jacks,- eu digo suavemente. -O tempo que precisar. Nos vemos mais tarde?

-Nos vemos mais tarde,- ele diz, seguro. E então ele abaixa a cabeça, e eu fico nas pontas dos pés novamente, e meu companheiro me beija, seu braço se apertando em volta da minha cintura.

Eu me afasto depois de um momento, querendo dar a ele seu espaço, e Jackson apenas fica em silêncio - já pensando - enquanto me aproximo da porta. Mas antes de sair, eu me viro, minha mão já na maçaneta.

-Ei, Jacks?- eu pergunto baixinho.

Instantaneamente, ele vira a cabeça para cima para mim, sua expressão um pouco surpresa, acho, que eu ainda estou aqui. -Sim?

-Posso te fazer... talvez uma pergunta injusta?

Ele sorri para mim, e vira a cabeça para o lado, convidando.

-Estava?- pergunto, meio surpresa com o elogio, olhando para cima.

-Oh, perfeitamente bem causando o máximo de problemas possível,- ele responde, piscando inocentemente para mim.

Faço uma careta e o cutuco nas costelas. Ele faz um som de dor, fingindo que dói mais do que realmente dói, o que me faz rir mesmo que seja uma piada antiga e boba.

-Não, você está bem,- Rafe diz, apertando um pouco mais o braço em volta de mim. -Luca é só...ele pode ser dramático, não é? Quero dizer, eu entendo por que ele está chateado,- Rafe me dá um olhar significativo aqui, e reviro os olhos, cansada de me defender nesse ponto. -Mas...é, ele levou isso longe demais.

-O que vamos fazer com ele?- murmuro, balançando a cabeça.

-Ah, veja, a parte boa disso, irmãzinha, é que é seu problema. Não o meu.- Rafe suspira, satisfeito e convencido.

-Tudo bem,- digo, igualmente convencida, indiferente. -Então não vou te ajudar em nada quando seu amigo aparecer e causar um grande alvoroço.- Sorrio, satisfeita com minha resposta brincalhona.

Mas Rafe não responde, e olho para cima, meu rosto caindo ao ver que ele está olhando diretamente para a frente e não para baixo para mim. E seu rosto está...triste, preocupado.

-Rafe, eu –

-Não, Ari,- ele murmura, olhando para baixo por um momento. -Apenas...estou cansado. Vamos me levar para a cama.

-Você conseguiu, irmão,- murmuro, puxando-o um pouco mais para perto e me apoiando nele novamente enquanto caminhamos, me perguntando...

Bem. Perguntando o que eu disse que o deixou tão chateado.

Mas quando me despeço do meu irmão, entro no meu quarto e vejo Daphne enrolada na minha cama com o edredom cuidadosamente dobrado sob o queixo?

Bem...acho que tenho minha resposta.