— Não pense tão bem dos homens, especialmente do Leandro, esse tipo reservado. Se ele fosse mesmo tão íntegro como você diz, não teria se aproveitado do fato de você estar bêbada para dormir com você. Se quisermos ser gentis, podemos chamar de uma noite de sexo casual; mas, se quisermos ser realistas, foi estupro. Ele é seis anos mais velho que você, com muito mais experiência de vida. Consegue ser médico e, ao mesmo tempo, comandar o Grupo Santos, a maior empresa de Cielópolis. Isso exige uma habilidade tremenda. Em termos de jogo de cintura, você não tem como competir com ele. Até meu irmão diz que, se existe alguém com o coração mais frio que o dele neste mundo, esse alguém só pode ser o Leandro. Um homem como ele, se não quiser fazer algo, ninguém o obriga. Se ele está se responsabilizando por você, é porque quer. E se ele quer... é porque gosta de você!Marília achava que Zélia só estava tentando consolá-la.
— Deixa eu te contar outra coisa.
Zélia então contou como, na noite anterior, foi propositalmente ao Espaço Palmeiras provocar Leandro.
Ela concluiu:
— Ele ter se apressado tanto hoje para casar com você, te fazer mudar de casa... É puro ciúmes, com certeza!
Marília achava que Zélia estava exagerando, mas não conseguiu evitar que a cena da tarde, quando encontrou Renato e Leandro a abraçou de repente, chamando-a de "esposa", surgisse em sua mente.
Zélia continuou:
— Meu irmão também disse que, depois que eu fui lá ontem, Leandro saiu logo em seguida e parecia estar de péssimo humor!
Marília não conseguiu conter um leve sorriso no canto dos lábios.
Depois da conversa com Zélia ao telefone, seu humor melhorou bastante.
Terminou de arrumar as coisas, tomou um banho e ficou vendo TV na sala. Já passava das nove da noite, e Leandro ainda não tinha voltado.
Pensando no bebê, Marília decidiu ir dormir mesmo assim.
Na manhã seguinte, ao abrir os olhos e ver aquele teto estranho, mas um pouco familiar, ainda teve a sensação de estar sonhando.
Pegou a certidão de casamento na bolsa para se certificar de que não era um sonho, mas sim algo real.
Depois de se arrumar, abriu a porta do quarto achando que, como de costume, veria Leandro esperando por ela no sofá, mas a sala estava vazia.
Na mesa de jantar havia uma marmita térmica. Marília a abriu e encontrou um café da manhã leve e apetitoso.
—Ele saiu? — Pensou.
Procurou pela casa toda, até bateu na porta do escritório, mas não o encontrou.
Ele tinha mesmo ido embora.
Por que não esperou por ela?
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