À tarde, Marília respondeu às mensagens de todas as pessoas que se preocuparam com ela, dizendo que estava tudo bem e que não precisavam se preocupar. Zélia, ainda assim, sugeriu que ela ficasse em casa para descansar.
Marília estava com a cabeça cheia, sem ânimo para voltar ao trabalho.
Ficou com o celular na mão, olhando para a conversa com Leandro no WhatsApp. Escreveu e reescreveu várias vezes, mas nenhuma mensagem foi enviada.
Ela não queria atrapalhá-lo no trabalho. No fim, largou o celular e decidiu que falaria com ele quando ele voltasse à noite.
Como não foi trabalhar à tarde, Marília foi ao supermercado às três horas para comprar os ingredientes para o jantar. Preparou tudo cronometrou o horário em que Leandro costumava chegar em casa, para que tudo estivesse pronto a tempo.
Mas já eram seis e quarenta, e ele ainda não tinha chegado. Normalmente, ele voltava antes das seis e meia.
A comida que ela tinha feito já estava esfriando.
Depois de hesitar por um momento, Marília acabou ligando para ele.
O telefone tocou por um bom tempo sem que o homem atendesse.
"Será que ele está ocupado agora?"
Com receio de atrapalhar, ela já estava prestes a encerrar a chamada quando, de repente, ele atendeu. O coração de Marília deu um salto e ela logo falou:
— O jantar está pronto. Que horas você vai chegar?
— Hoje não vou jantar em casa.
Marília ficou sem reação. Se ele não ia voltar, por que não ligou para avisar? Pelo menos uma mensagem...
Ela olhou para o jantar que tinha preparado com tanto carinho e esforço e sentiu um aperto no peito. Mas logo se lembrou de que ele era médico, e uma cirurgia podia levar várias horas. Ela não podia cobrar dele por isso.
Afinal, entre marido e mulher deve haver compreensão e tolerância.
Marília se recompôs rapidamente e respondeu com um sorriso:
— Então tá bom. Eu vou guardar tudo na marmita térmica, assim você come quando chegar. — E logo emendou. — Mas tenta comer alguma coisa no hospital também. Ficar muito tempo sem comer faz mal ao estômago.
Do outro lado da linha, ele apenas murmurou um "hum" antes de encerrar a chamada.
O silêncio voltou a preencher o ambiente. A casa estava vazia, só havia ela ali.
Se soubesse que ele não viria, não teria feito tanta comida.
Marília suspirou, largou o celular, foi até a cozinha, serviu uma pequena tigela de arroz e se sentou sozinha para comer.
...
Lá embaixo, Leandro estava sentado dentro do carro. Depois de fumar um pouco, ligou para outra pessoa.
Logo, os três estavam sentados à mesa de jogos do clube.
Adalberto pegou um isqueiro, acendeu um cigarro e comentou, provocando:
— Tá se sentindo velho, é?
Raulino não se aguentou e deu uma risada contida.
Leandro lançou um olhar frio e indiferente para ele:
— Se não sabe o que dizer, é melhor ficar calado. — E, depois de uma pausa, completou. — Ainda nem cheguei aos trinta. Não sou velho.
Dessa vez, Raulino não conseguiu segurar e riu alto.
— A gente sabe, você tem vinte e oito, ainda tá jovem. Mas aquela Marília, se não me engano, tem a mesma idade da Zélia, né? Vinte e dois, certo? Como é que você foi mexer logo com ela?
Leandro, com a mesma expressão impassível, jogou uma carta na mesa:
— E você não estava saindo com uma de vinte?
Adalberto sorriu com malícia:
— Mas é diferente, né?
Raulino concordou:
— A Marília, você a viu crescer. Você tinha seis anos quando ela nasceu. Eu lembro que naquela época você até chegou a segurá-la no colo...

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Ela é o Oceano, Eu Sou o Náufrago
Tantos dias sem atualizações, como q da sequência em livros assim ? Cê tá Loko ....