— Ainda tenho um tempinho agora, posso te levar.
Marília não recusou e respondeu:
— Tudo bem.
...
Mansão da família Cardoso.
Assim que entrou, Marília viu Leovigildo jogando xadrez com o filho. Eulália, ao lado, observava com ternura; de vez em quando, dava uma fruta ao menino ou servia um café ao marido. A cena familiar era de pura harmonia.
Ela não deu mais um passo à frente.
Até que Nair a viu:
— Srta. Marília, a senhorita voltou!
Ao ouvir essa voz, Leovigildo levantou a cabeça. Ao ver que era sua filha, o sorriso sumiu instantaneamente do rosto.
— Você veio.
Eulália, ao ver Marília, se sentiu incomodada, mas, por respeito ao marido, ainda assim a cumprimentou com gentileza:
— Mimi, você voltou! — Empurrou o filho levemente. — Sua irmã está de volta, vai lá, cumprimente-a!
Gervásio levantou os olhos para Marília e torceu a boca:
— Eu nem conheço ela. Como é que ela pode ser minha irmã? Eu só tenho uma irmã, e ela está nos Estados Unidos!
— Que menino! — Eulália ficou um pouco constrangida e se apressou em explicar. — Mimi, como você nunca mais voltou pra casa, o Gervásio não tem lembrança de você. Não leve a mal.
Marília respondeu friamente:
— Minha mãe só teve a mim. Eu não tenho irmão.
Eulália ficou paralisada por um momento, sem saber o que fazer, e olhou para o homem ao seu lado.
Leovigildo estava com a expressão sombria:
— Você é minha filha. Gervásio é meu filho. Como ele não seria seu irmão?
— Ele é fruto da sua traição. Não tem nada a ver comigo, nem com minha mãe!
— Malcriada!
Leovigildo, furioso, atirou o copo d'água.
Marília estava longe, então o copo não a atingiu, mas aquele gesto a feriu ainda mais, enchendo seu coração de mágoa e rancor:
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