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Ela é o Oceano, Eu Sou o Náufrago romance Capítulo 18

Selma foi chamar outras pessoas, os deixando conversando entre si.

Assim que ela saiu, algumas moças da alta sociedade se aproximaram de Anselmo, e Esperança rapidamente se tornou o centro das atenções delas.

Marília, por sua vez, decidiu procurar um lugar tranquilo para ficar sozinha, esperando que cortassem o bolo para então ir embora.

— Mimi, você ainda está brava comigo? — A voz de Esperança cortou o burburinho, e o ambiente ao redor caiu em silêncio. Todos olharam na direção delas.

Marília parou de andar. Olhou para Esperança, que já estava bem próxima. Seu rosto permaneceu frio:

— Não foi você quem disse que, se nos encontrássemos de novo, fingiríamos que não nos conhecíamos?

— Mimi, você ainda está magoada comigo, não está? — As lágrimas de Esperança escorreram imediatamente. — Eu já fiz o que você queria, terminei com o Anselmo. Será que não podemos voltar a ser como antes?

— Marília, eu te avisei para não implicar com a Esperança! Está achando que eu não tenho coragem de te enfrentar? — Anselmo apareceu com o rosto carregado, puxando Esperança para trás de si como forma de protegê-la.

— Anselmo, a Mimi não está me incomodando. Não fale assim com ela! Caso contrário, eu nunca mais falarei com você! — Esperança o repreendeu, os olhos ainda vermelhos de choro.

— Ela é uma ingrata! Pare de defendê-la! — Anselmo lançou um olhar de desprezo para Marília. — Algumas pessoas, por mais que você as trate bem, nunca reconhecem o valor disso.

— Mimi está brava comigo por sua causa! Você não pode ficar longe de mim, não? — Esperança explicou, chorosa, olhando para Marília com os olhos cheios de culpa. — Mimi, eu nunca quis disputar ele com você. Foi ele quem ficou insistindo em mim!

— Marília, até quando você vai me atormentar? — Anselmo a encarou com ódio e rancor, seus olhos transmitindo uma vontade quase assassina.

A confusão entre eles atraiu a atenção dos presentes. Logo, os amigos de Anselmo intervieram para tomar o lado dele:

— Mimi, afinal de contas, a família Pereira te criou por tantos anos. Não acha que já é hora de parar? Ninguém aqui está gostando desse escândalo, sabia?

— Isso mesmo, Mimi. Hoje é o aniversário da Selma, não cause problemas!

— Você não disse que tinha namorado? Por que continua perseguindo o Anselmo? Ou será que aquele namorado que você mencionou era só uma mentira?

Marília lançou um olhar indiferente para Amélia e mais algumas pessoas antes de responder calmamente:

— Desde que cheguei aqui, não fiz nada e nem falei nada. Qual de vocês me viu perseguindo o Anselmo? E como, exatamente, eu o incomodei?

Ela voltou o olhar para Esperança, a questionando com os olhos.

Esperança, com os olhos ainda vermelhos, parecia frágil e desamparada, olhando para Marília como se pedisse ajuda.

No passado, essa mesma atitude havia despertado o senso de proteção de Marília, que acabava intervindo para defendê-la.

Mas ela não tinha esquecido o que aconteceu no café naquele dia, quando Esperança a acusou de não ser uma boa amiga e de ser hipócrita.

Marília sabia que Esperança estava fingindo agora.

Originalmente, queria apenas se afastar de Anselmo e Esperança, mas, se Esperança queria armadilhas, Marília não hesitaria em desmascará-la.

— Mimi, você é a amiga mais importante para mim. Eu jamais disputaria o homem que você gosta...

— Você só descobriu agora que eu gosto dele? — Marília a interrompeu. — Vocês já não estavam juntos antes? No Natal do ano passado, vocês não passaram o feriado juntos? Ou acha que eu não sei de nada?

Esperança ficou pálida.

O rosto de Anselmo também escureceu.

Marília continuou:

— Você disse que terminou com ele, mas acabou de chegar aqui com ele. E ainda estavam bem íntimos!

— Mimi, você está enganada! Eu não vim com o Anselmo! Foi a Selma quem me convidou! Eu queria vir sozinha, mas o Anselmo... ele me colocou à força no carro dele. Eu não tenho a mesma força que ele, e não pude resistir... — Esperança voltou a chorar, as lágrimas escorrendo sem parar.

— Não trate todo mundo aqui como idiota. O colar Joias da Rainha, que nem a Selma conseguiu reservar, como você conseguiu pegar antes? Você sabe muito bem o porquê!

— E o Anselmo foi mesmo cruel. Traiu ela e ainda escolheu justo o aniversário dela para isso. E pior: com a melhor amiga dela! Se fosse comigo, também estaria morrendo de raiva!

— Mas, no fim das contas, de que adianta? Ela come e mora às custas deles. Tem que saber o lugar dela. Pra mim, o Teodoro seria uma boa escolha. Com a situação da família Cardoso, é o meio-irmão dela que vai herdar tudo. Se a Marília fosse esperta, segurava logo essa oportunidade de ouro com o Teodoro. Não é como se ela fosse encontrar algo melhor!

— Também não é bem assim. Todo mundo sabe como o Teodoro é. Ele e aqueles amigos dele trocam de mulher como trocam de roupa. Ele só está interessado na Marília porque ainda não conseguiu o que quer. Se ela aceitar, vai acabar sendo descartada do mesmo jeito que o Anselmo fez.

— Pensando assim, até dá pena dela.

— Pois é, bem triste. Ouvi dizer que hoje a Selma vai ajudar o Teodoro a se declarar. Mas a Marília não disse que tinha namorado? Será que ela vai aceitar?

— Que namorado o quê! Ninguém nunca viu nem a sombra desse tal namorado. Quem sabe se é verdade? E, mesmo que ela recuse, você sabe como esses homens são. Teodoro vai dar um jeito de conseguir o que quer, ainda mais porque a família Cardoso não vai protegê-la.

As vozes das duas mulheres foram ficando cada vez mais distantes, até que desapareceram por completo.

Leandro permaneceu imóvel, com a testa franzida. Ele olhou para o celular e viu que o dinheiro que havia transferido para ela tinha sido devolvido novamente.

...

Selma, como anfitriã da festa, subiu ao palco para fazer um breve discurso. Após o discurso, cortou o bolo, e os garçons começaram a distribuir pedaços para os convidados.

Marília também recebeu uma fatia e decidiu que comeria o bolo e depois partiria.

No entanto, no salão de festas bem iluminado, pétalas de rosas começaram a cair suavemente, como uma chuva lenta. Uma pétala caiu sobre o pedaço de bolo que ela segurava.

Marília ergueu o olhar e viu que as pétalas estavam caindo de dentro de um lustre de cristal, formando uma chuva de pétalas que preenchia o ambiente.

Aquele cenário parecia estranhamente familiar. Ela já tinha visto algo assim em novelas românticas.

Nesse momento, uma pessoa subiu repentinamente ao palco e pegou o microfone.

Marília olhou e viu que era Teodoro.

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