Leandro disse que a esperaria do lado de fora.
Marília terminou o banho, trocou de roupa e ficou enrolando até as dez horas.
Ao seu redor, não havia som algum, nem ninguém que viesse bater à porta para apressá-la.
"Ele deve ter ido embora", pensou.
Marília foi até a porta do quarto, segurou a maçaneta, respirou fundo e a girou lentamente. Ao ver que não havia ninguém lá fora, soltou um longo suspiro de alívio. Quando estava prestes a sair, um fio de fumaça chegou até ela.
Virou a cabeça e encontrou diretamente o olhar profundo e sombrio do homem.
Leandro apagou o cigarro que segurava.
— Vamos tomar café da manhã.
Ele foi o primeiro a sair andando.
Marília abriu a boca, sem saber o que dizer, e acabou apenas o seguindo com certa relutância.
O restaurante ficava no térreo.
Depois de se sentarem, o garçom trouxe o cardápio.
Marília pediu dois pratos aleatórios e devolveu o menu.
Sua bolsa não estava no quarto. Sem o celular para passar o tempo, só lhe restava mexer no cabelo, meio sem jeito, e olhar para a fonte do lado de fora, perdida em pensamentos.
Leandro fez o pedido e, após o garçom sair com o cardápio, ficou observando em silêncio a garota à sua frente, que mantinha uma expressão fria e distante.
Depois de um bom tempo, ele decidiu quebrar aquele silêncio estranho.
— Eu assumirei a responsabilidade.
Os olhos de Marília se arregalaram instantaneamente. Ela virou a cabeça para ele, meio atrapalhada:
— O quê? Você disse que vai... assumir a responsabilidade?
Leandro parecia tranquilo, quase indiferente.
— Eu me aproveitei de você. Se você quiser que eu assuma a responsabilidade, posso aceitar.
Marília percebeu claramente a falta de sinceridade na voz dele.
Dizer que ele se aproveitou dela não era bem verdade; na noite passada, fora ela quem tomara a iniciativa.
Aquilo que ela dissera era só da boca para fora. Se levasse a sério, seria uma completa tolice.
Ainda mais quando a pessoa dizendo essas palavras era Leandro.
Marília encontrou o olhar dele, mas suas mãos, sob a mesa, se fecharam em punhos. Com firmeza, ela o rejeitou:
— Eu não preciso que você assuma nada!
As sobrancelhas bem desenhadas de Leandro se franziram pesadamente.
— Foi só uma noite, somos ambos adultos. Eu realmente não me importo. — Disse Marília, baixando os olhos.
Logo em seguida, continuou.
— Eu estava bêbada ontem, sei que você também bebeu. Aconteceu no calor do momento... Se for possível, vamos fingir que isso nunca aconteceu.
Leandro permaneceu com a expressão inalterada, respondendo com indiferença:
— Como quiser.
Ao ouvi-lo responder tão rápido, Marília confirmou que aquelas palavras dele de antes não tinham sido sinceras.
...
Depois do café da manhã, Leandro se ofereceu para levá-la de carro até sua casa.
A bolsa de Marília havia ficado no carro dele na noite anterior. Quando pegou o celular de dentro da bolsa, percebeu que a bateria estava completamente descarregada e o aparelho havia desligado.
Hoje em dia, era impossível se virar sem um celular.
Então, ela não recusou a "gentileza" de Leandro.
Mas Marília não queria voltar para a família Pereira.
Ela pediu a Leandro que a levasse até a casa de Zélia.
Zélia estava viajando, mas havia deixado uma chave reserva em uma caixinha embaixo do sapateiro na entrada.
Marília já havia passado a noite lá antes em outras ocasiões.
Ao encontrar a chave, abriu a porta, entrou e procurou o carregador reserva de Zélia para ligar o celular.
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