Às dez horas da noite, Beatriz Mendes respirou fundo para se preparar psicologicamente antes de bater na porta do escritório de Miguel Rodrigues.
A voz fria do homem soou do outro lado.
— Entre.
Beatriz Mendes entrou segurando um copo de leite.
— Sr. Rodrigues, foi o Seu Jobson que pediu para eu trazer isso para o senhor.
O olhar de Miguel Rodrigues pousou no copo de leite, carregado de um significado difícil de decifrar.
— Sra. Rodrigues, já ouviu aquele ditado?
Beatriz Mendes ficou confusa.
— Qual?
— Quando a esmola é demais, o santo desconfia.
O rosto de Beatriz Mendes ficou imediatamente vermelho.
— …O que é isso, Sr. Rodrigues! Só estou preocupada com o senhor!
Miguel Rodrigues sorriu levemente, sem dizer nada.
Beatriz sentiu um leve arrepio no couro cabeludo. Ignorando o constrangimento, insistiu:
— Você disse hoje cedo que poderia me levar ao evento. Ainda está de pé?
Miguel Rodrigues sorriu de canto.
— Lembro que você recusou.
Beatriz abaixou a cabeça, corando ainda mais.
— Pensei melhor… Uma situação dessas não é justa para você enfrentar sozinho. E se a família Serra tentar alguma coisa de novo, obrigando você a se casar com a Isis Serra? Por isso, acho melhor eu estar com você, não acha?
Assim que terminou, o silêncio tomou conta do ar.
Beatriz começou a se sentir perdida. Por que ele não respondia? Aceitaria ou não?
Quando estava prestes a tentar quebrar o silêncio, ele falou, distraído:
— Não.
Beatriz se engasgou e elevou a voz involuntariamente.
— Por quê?!
Logo percebeu que tinha exagerado e, tossindo discretamente, agora perguntou com suavidade:
— Por quê, Sr. Rodrigues? Só quero acompanhar você, conhecer um pouco mais desse mundo… Não posso?
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