Engravidei a minha melhor amiga romance Capítulo 12

Melinda de Sá

Acordei na segunda feira bem cedo por falta de sono, resolvi que iria arrumar as roupinhas que havia ganho no dia anterior.

Comecei colocando tudo sobre a cama e dobrando, depois arrumei nas gavetas do meu guarda roupa.

Fui tomar um banho, aliás, era dia de trabalhar. Vesti uma calça linho preto com uma camisa com uma frase " Se eu soubesse o que eu sei hoje, eu erraria tudo exatamente igual" e peguei uma jaqueta confo, segunda e sexta era dia de supervisão, andar para cima e para baixo em campo de obra, era um bem cansativo, então pedia uma roupa confortável, já que tenho que ficar da obra para o escritório, se eu pudesse só ficava na obra, não gosto muito de ficar em escritório.

Prendi o cabelo num rabo de cavalo apertado e coloquei meu all Star azul. Estava pronta para mais um dia de trabalho. Quando olhei no relógio notei que se não saísse agora ia chegar atrasada, corri para o estacionamento do prédio.

Saí ultrapassando todos os barbeiros que tinham pelo caminho, e cheguei cinco minutos antes de bater meu cartão, estava sem fome, então seguiria logo para minha sala. Peguei o elevador e apertei o botão do meu andar, já falei que odeio a demora dessa geringonça? Adiantaria o trabalho de muita gente se ele fosse mais rápido.

Quando a porta estava prestes a fechar, uma mão se colocou no meio das portas. Bati o pé de raiva, que logo se esvaiu quando um lindo sorriso surgiu. Foi liberado em São Paulo o uso das máscaras ontem, eu ainda estou com a minha tenho que protege o meu bebê de todas as maneiras possíveis, mas com certeza o Diogo fica aí mais bonito sem máscara, ele caminhou para dentro do elevador, segurando uma mochila preta no ombro coberto por uma jaqueta de couro.

— Bom dia. — ele falou abrindo um sorriso branco e largo.

— Bom dia...

Ele encarou a porta a nossa frente que demoraria mais dois anos para fechar agora, bufei e olhei o relógio, estava perdendo tempo de trabalho. Só não iria subir de escada porque meus pés precisavam ser mantidos intactos para o restante do dia.

— Fiquei te esperando naquele dia, acho que você quer ficar retido no último ano. — puxei assunto brincando.

— Não deu tempo de ir até sua sala, mas ficaria muito feliz se o convite ainda estivesse de pé.

— Pelo bem da empresa vou lhe dar mais uma chance. — balancei a cabeça.

— Altruísta você. — ergueu uma das sobrancelhas.

— Eu vou para a obra gosto de está perto para saber se vai sair tudo certinho.

O elevador começou a se movimentar, aleluia, Notei que ele não tinha apertado nenhum botão. Apontei para o painel.

— Vai ficar aonde?

— No refeitório. Você vai também?

Meus olhos gordos de grávida apertaram o botão do oitavo andar, já me imaginava pegando um pão com manteiga bem quentinho, com um café com leite. Minha boca se encheu de água e eu desejei que aquele elevador voasse. Incrível como meu estômago deu sinal de vida do nada.

— Acho que vou dar uma passadinha por lá também. Eu normalmente como na obra.

Virei de costas para me olhar no espelho, passei a mão no cabelo e ajeitei a bolsa no meu ombro. Depois encarei o reflexo de Diogo, suas costas largas eram bem atrativas, seu cabelo pedia que dedos fossem entrelaçados ali. Por pouco não suspirei.

Descemos no oitavo andar e caminhamos lado a lado até a mesa onde ficava a o Buffet para o café da manhã. O refeitório era muito grande, e todos os operários, desde altos cargos a não tão altos assim, se esbarravam por ali. Isso era uma das coisas que me fazia gostar de trabalhar ali, por mais que fossem muitos funcionários, dava pra notar que todos olhavam de igual para igual.

Durante minha faculdade fiz estágio em outra construtora, assim como a maioria das empresas, havia um refeitório, e a divisão "social" era nítida.

Sempre os chefes em um canto, estagiários e operários do outro. Sorri enquanto pegava um pão com manteiga que parecia super. quentinho, gostava de trabalhar ali, ainda mais quando notava que não havia essa segregação social.

— Você já comeu um desse? — Diogo me tirou do transe, apontando para um bolinho verde.

— Não sou muito fă de coisas verde. — fiz careta.

— Juro que desse você vai até voltar par buscar mais. — ele falou já colocando um no meu prato. — Ah, e essa torta de frango também — colocou no meu prato e no dele.

—Desse jeito vamos acabar comendo tudo. — falei ao ver ele colocando um pedaço de bolo de cenoura.

— Comer é a melhor coisa que existe, então. E não tenho culpa se a comida daqui é gostosa, em casa eu só como comida congelada, é um alívio comer comida de verdade.

— Isso eu tenho que concordar, comer é vida.

Entrei no embalo dele e acabei indo me sentar a mesa com uma bandeja cheia de coisas.

Acrescentei mais um pão com salsicha, suco de maracujá misturado com de laranja (Diogo me obrigou a isso), um pedaço de bolo de laranja ( que não suporto, mas quando sentir o cheiro me deu muita vontade de comer) e um mini croissant.

Se eu estava achando meu prato grande demais, é porque não tinha visto a conclusão do dele. Ele sentou a minha frente, fazendo nossos joelhos esbarrar em baixo da mesa.

— Vai, come o bolinho, adoro ver a reação de todos quando descobrem que essa coisa verde e feia é gostosa. — cruzou as mãos embaixo do queixo me encarando.

Peguei o bolinho verde com a mão e dei uma mordida com receio, mas não me arrependi, parecia levar couve, bacon e queijo nos ingredientes.

— Isso. É. Muito. Bom. — falei pausadamente enquanto mastigava.

— Eu avisei. E nossa sorte é que todos acham que é ruim e sempre sobra.

— Minhas manhãs apenas com pão e manteiga acabaram. — sorri. — Daqui alguns dias vão ter que fazer uma porta maior.

— Que isso! Você tem cara daquelas magrelas que comem para burro e não engordam.

— Agora vou engordar. — bebi o suco misturado. — Isso também é bom. — falei sorrindo.

— Ah é verdade, por causa da gravidez. — ele falou e fiquei em choque.

— Que? — arregalei os olhos e quase cuspi o suco na cara dele. — Como...

— Eu tenho você no F******k. — deu de ombros.

Minhas bochechas queimaram e eu abaixei o rosto, tinha esquecido que o pessoal da construtora também me tinha na rede social.

Bebi um gole do café com leite e olhei para os lados morrendo de vergonha, queria abrir um buraco no chão e enfiar minha cara.

Disfarçando peguei o celular e mandei uma mensagem para o Vincenzo.

" Onde eu estava com a cabeça para deixar você posta aquela foto na minha conta, agora o Diego me contou que viu e com certeza todos estão comendo, Vincenzo você é um filho da mãe desgraçado"

Quando me preparava para levantar, Diogo pegou minha mão.

— Espera...— ele falou.

— Preciso ir, tenho que começar a trabalhar.

— Estou sobre sua supervisão hoje, logo onde você for eu vou.

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