Engravidei a minha melhor amiga romance Capítulo 6

Melinda de Sá

Acordei bem disposta pela manhã, acho que as risadas que dei com Joice foram suficientes para me fazer ficar bem. Comi um sanduíche e o restante do bolo de cenoura que ela havia feito e liguei para o Vicenzo pra avisar que ia buscar meu carro. Tomei banho e vesti um vestido preto simples.

Peguei um Uber até o apartamento dele. Na portaria o porteiro já me conhecia e permitiu que eu subisse direto.

Peguei a chave em baixo do tapete e abri a

porta. O local estava cheirando a perfume

feminino, revirei os olhos, deveria ser o de

Sara.

- Oi? - perguntei, mas não houve resposta - Ótimo - Adentrei no local e fui até o quarto, a cama estava toda bagunçada, no chão tinha uma calcinha preta e minúscula, que nojento.

Procurei as chaves do meu carro na mesa de cabeceira na segunda gaveta onde ele falou que estava, mas não achei. Fui para a cozinha e a vi sobre o balcão. Junto estavam algumas anotações.

Em uma letra de forma bem grande tinha números de telefone e em cima escrito bem grande "Clinicas de aborto". Meu coração quebrou, não podia acreditar que o Vicenzo tinha sido capaz de me deixar um bilhete dizendo que não queria nosso filho.

Meus joelhos vacilaram e eu caí no chão em

meio às lágrimas. Ele era meu melhor amigo, por que não tinha dito diretamente para mim que não queria o filho? Por que deixar apenas um bilhete jogando isso na minha cara? Ele parecia tão mais calmo que eu ele até já estava falando com o bebê como pode.

Estava chorando e soluçando.

Rasguei o papel ao meio e joguei no chão.

Peguei a chave do meu carro e deixei o

apartamento. Meus olhos estavam embaçados por conta das lágrimas, quase tropecei na porta do elevador.

Respirei fundo tentando me acalmar, não

podia chegar ao trabalho assim. Já dentro do meu carro soquei o volante inúmeras vezes enquanto xingava o Vicenzo.

Ele não queria o filho? Não precisava se

preocupar, pois não o veria. Iria acabar com a preocupação dele, iria me afastar, não queria nunca mais vê-lo na minha frente. E assim seria, pelo bem do meu filho eu vou cuida dele sozinha.

Dei partida e segui para o canteiro de obra onde trabalhava. Sequei as lágrimas dos meus olhos que me impediam de ver às vezes. Quando estacionei na minha vaga habitual meu telefone tocou. A música era a que sempre tocava quando Vicenzo ligava. Silenciei o celular e limpei meu rosto.

Era muita cara de pau a dele, deve está ligando para saber se eu vou tirar o meu filho. Só nos sonhos dele eu vou ter e cuida do meu bebê independente dele querer ou não.

Ergui a cabeça enquanto ia até o canteiro de obra. Hoje era dia de supervisionar a obra já estive muitos longe do canteiro eu odeio ficar longe do meu trabalho, mas compro direitinho porque tinha que pensar no meu serzinho eu nunca coloquei um atestado nos meus três anos de trabalho nesta construtora.

Meu coração doía ao lembrar do bilhete sobre a o balcão. Mas minha cabeça

dominava o meu corpo e me lembrava de que eu deveria ser racional. E ficar no meu trabalho coloquei meu capacete rosa ( sim eu uso um capacete rosa e o meu colete tem detalhes rosas eu amava porque a minha avó tinha me dado quando eu passei em engenharia.

- Bom dia - Falei para o pessoal.

- Olha ela, está melhor Melinda? - um dos pedreiros perguntou com cara de preocupado

- Está cara dela não diz nada disso - o Manoel falou se aproximando.

- Não estou muito bem, mas coisas da vida né, me conta como estão as coisas - falei pegando a planta.

- Tivemos só um pequeno problema com a fundação...

- Por que não me ligaram?

- Você nunca fica doente aí não quisemos incomoda - o Manoel falou.

- Mas vocês sabem que qual coisa era só falar, e me contem como vocês resolveram isso que já vou observar tudo para ver se está bem feito.

- A chefinha voltou - o José falou com um sorriso, ele tem idade para ser o meu pai e ele sempre me tratou com muito respeito desde que entrei na empresa.

- Bom saber que vocês sentiram a minha falta eu já estava quase pintando o teto do meu apartamento de tanto tédio. - falei abrindo a planta.

- Imagino, então vamos trabalhar, tivemos um problema com a sustentação o cara que ficou no seu lugar mandou trocar a base - ele começou a me explica o que o idiota do Fabrício mandou fazer ele está doido para baratear a obra, mas não dá para fazer isso na sustentação.

Estou tentando manter a minha cabeça só no trabalho para manter a triste longe, tinha que deter meus hormônios também, estava me segurando para não chorar, era muito difícil. No meu horário de almoço todos foram almoça e me sentei no cantinho atrás do murro que estava sendo erguido só deixei as lágrimas rolarem.

- O que você está fazendo aqui? - o José perguntou já estava ali chorando por um tempo. - Está tudo bem Melinda, você está passando mal?

- Oi José eu só estou um pouco enjoada - falei e ele me deu um potinho com sala de fruta.

- Você nunca figio da comida achei estranho, está tudo bem mesmo?

- Vai ficar - falei mentalizando isso.

Ele saiu e fiquei tentando mentalizar que ia ficar tudo bem. Mas a decepção era o que mais me afligia. Pensei em ligar para ele e xinga-lo, mas não tinha nem estômago para isso. Limpei minhas lágrimas e olhei para a salada de fruta a minha mão, creio eu não ia comer isso

Respirei fundo abaixei minha cabeça abraçando o meu corpo e chorei mais um pouco. Quando deu minha hora de ir trabalhar novamente segui com a cabeça erguida, e como a fome bateu comi o potinho de salada de fruta.

Tive que ir na construtora para entregar umas coisas e justificar uns gastos, e enquanto eu descia as escadas, por conta da minha impaciência em esperar aquele elevador que estava demorando demais, meu celular começou a vibrar no meu bolso. Peguei e li escrito o nome do Vini com um número exagerado de corações depois do nome dele.

Fiquei olhando nossa foto que aparecia na tela, meus olhos se encheram de água. Bloqueei o celular e fui secar minhas lágrimas, devia estar dispersa, pois só senti meu corpo trombando em algo.

Braços seguraram os meus, levantei a cabeça e encontrei um dos estagiários. Não fazia a mínima ideia do nome dele, mas algo me dizia que eu deveria descobrir.

Seus olhos de esmeraldas sorriram junto com seus dentes brancos.

- Desculpa. - pedi.

Dei um passo para o lado e vi seu crachá na

altura da cintura. Apertei os olhos para tentar ver o nome dele. Diego ou Diogo?

- Diogo. - ele disse respondendo minha

pergunta mental.

Sorri envergonhada por ele ter notado que

eu procurava saber o nome dele. Uma gota

de suor escorria sobre sua pele morena, ele

passou a mão na testa e eu o olhei de cima a

baixo analisando todo o seu corpo, caramba, ele era bem gostoso.

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