Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 1003

Ao vê-lo beber, Brenda e as pessoas ao redor finalmente respiraram aliviados.

Aquela bebida, uma vez consumida, teria o poder de fazer até mesmo um boi perder o controle.

Os costumes das regiões mais afastadas eram diferentes dos da cidade; o ritual era simples, consistindo principalmente em ajoelhar-se diante do deus do mar.

Devido à força do efeito do remédio, o ritual em si não tinha tanta importância; o essencial era o que aconteceria a seguir.

Quando chegou o momento de se ajoelhar diante dos pais, Antonio alegou não estar se sentindo bem e pediu para descansar.

Todos entenderam a situação e sorriram com cumplicidade, mostrando-se bastante compreensivos.

“Brenda, ajude seu marido a voltar para o quarto e descansar direito.”

O sorriso nos olhos de cada um fazia Antonio sentir náuseas.

A porta foi trancada por dentro, e as velas decorativas ardiam silenciosamente no quarto.

Brenda também havia bebido. Naquela noite, ela já desejava compartilhar o êxtase com ele.

O efeito do remédio ainda não tinha começado para ela, mas seu rosto já estava corado de entusiasmo.

“Antonio, deixe-me cuidar de você enquanto descansa.”

Com apenas um metro e sessenta de altura, ela parecia ainda menor diante de Antonio.

Os homens da vila não eram altos, geralmente entre um metro e sessenta e oito e um metro e setenta e oito.

Além disso, por passarem a vida na pesca, seus corpos eram bronzeados pelo sol; mesmo aqueles que tinham músculos definidos, por serem magros, não possuíam um físico realmente imponente.

Ela já havia espiado Antonio tomando banho; mesmo que apenas a parte superior do corpo estivesse descoberta, a musculatura bem definida fazia seu coração disparar.

Ele era realmente bonito!

Ela estava decidida a casar-se com ele, independentemente de ele já ter esposa ou filhos.

Naquele dia, finalmente realizaria seu desejo. Na ponta dos pés, tentou desabotoar a camisa dele.

Por instinto, sentiu uma sombra aproximando-se por trás; antes que pudesse se virar, sentiu uma fraqueza no pescoço e caiu ao chão.

Mirella agiu com rapidez, precisão e firmeza, usando uma corda que encontrou para amarrar as mãos e os pés da mulher.

Para garantir ainda mais segurança, prendeu Brenda ao pé da mesa.

Após terminar, Mirella lavou o rosto usando a bacia de água do quarto, tirando toda a sujeira que ainda restava em sua face.

Só então voltou a si e, com sinceridade, elogiou: “Você é muito bonita.”

Mirella sorriu, colocou-se na ponta dos pés e envolveu o pescoço dele com os braços. “Bonita onde?”

Antonio entendeu bem a intenção dela e, um pouco envergonhado, desviou o rosto. “Em todos os lugares.”

Ao ver o rubor nas orelhas dele, Mirella aproximou-se de seu ouvido e sussurrou: “Antonio, antes, quando você me prendia na cama, não era nem um pouco tímido assim.”

Nunca tinha visto Antonio daquele jeito; para ela, era divertidíssimo.

“Naquela época, quando a noite chegava, você sempre…”

O homem tampou a boca dela com a mão, pois, mesmo que ela dissesse serem marido e mulher, para ele, agora, ela ainda era uma estranha.

“Não diga mais nada.”

As orelhas dele estavam tão vermelhas que quase sangravam.

Mirella continuou a provocá-lo, divertindo-se com a situação.

O efeito do remédio nele começou a se manifestar, e ele sentiu a respiração ficando cada vez mais pesada.