Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 1005

O hálito dele estava quente demais, e Mirella olhava para a mulher aos seus pés, que estava à beira de um colapso.

Só isso já não aguentava?

Mas o que Brenda Mendonça pretendia fazer era condená-la a uma vida inteira de sofrimento.

Ela e Antonio eram amigos de infância e só conseguiram ficar juntos com muito esforço, mas agora corriam o risco de serem vítimas das armações de Brenda.

Mesmo sabendo que ele só se envolveu com outra pessoa por causa dos remédios e da amnésia, ela não conseguia aceitar.

Ela e Antonio acabariam se separando, perdendo-se um do outro para sempre, sem jamais conhecer a felicidade.

Mirella sempre foi uma pessoa racional, lúcida e decidida.

Isso também tinha relação com a orientação de Antonio, que, desde pequeno, a ensinou a se proteger para que, no futuro, ela não fosse alvo de abusos.

Se alguém a maltratasse, ela não deveria aceitar calada; tinha que devolver na mesma moeda, ou até pior.

Se não sentisse dor, não aprenderia a lição e acabaria sendo agredida novamente.

Se fosse para revidar, que fosse de maneira marcante!

Mirella afastou Antonio. Ele a olhou, desconfortável, mas ainda conservava certa lucidez e não a forçou, como um animal selvagem faria.

“O que houve?”, ele perguntou, sem entender.

Mirella sorriu: “Acho que você está com um pouco de pressa.”

“Desculpe, eu não tenho muita experiência. Se você não estiver confortável, me diga.” Antonio engoliu em seco, guiado apenas pelo instinto, sem saber se sua impulsividade tinha causado desconforto a ela.

Sem experiência?

Ele era mais experiente do que queria admitir.

Mirella, sorridente, respondeu: “Então deixe que eu te ensino.”

Embora estivesse ansioso, Antonio conseguiu se controlar e respondeu, com a voz rouca: “Está bem.”

No entanto, Mirella disse em seguida: “Ajoelhe-se.”

Ele ficou em silêncio.

Mirella queria mostrar a Brenda como aquele homem, que ela considerava inalcançável, se comportava diante dela.

Além disso, queria testar até onde Antonio, mesmo sem memória, poderia ir por ela.

Na verdade, Antonio não ficou irritado e compreendeu suas intenções.

Como um verdadeiro cavaleiro, ele ajoelhou-se ao lado dela, e Mirella lhe estendeu a mão.

Naquele momento, ela parecia uma rainha altiva. “Beije-me.”

Brenda assistiu, impotente, ao homem que adorava como um deus beijar, com devoção e autocontrole, a mão daquela mulher.

Os olhos dele estavam visivelmente rubros, mas ainda assim, permaneceu ajoelhado, pacientemente aguardando a misericórdia dela.

Quanto amor seria necessário para gravar alguém tão profundamente no próprio instinto?