Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 111

Mirella falou ao ouvido de Nelson de forma insolente e leviana: "Nelson, este é meu refúgio secreto, ninguém saberá sobre ele, e nenhum som será ouvido lá fora."

Enquanto isso, eu, escondida atrás da porta, ouvia os sons apaixonados dos dois, sentindo uma repulsa profunda.

Voltei para o lado da minha avó, ciente de que Nelson havia sido persuadido por Mirella, tornando impossível para ele descobrir meu paradeiro.

Minha avó já estava dormindo, e eu fiquei ali, observando a neve grossa caindo lá fora, percebendo que o Ano Novo estava se aproximando.

Inconscientemente, toquei meu ventre plano.

Na verdade, a criança em meu ventre não permaneceu por muito tempo, nem mesmo chegou a se formar, mas ainda assim a pequena vida importava para mim.

Ter uma mãe como eu era um fracasso.

E ter um pai como ele era uma pena.

Nelson esqueceu completamente sobre o aborto, talvez bastasse Mirella murmurar algumas palavras sobre a orquídea, e ele acreditaria, expondo os planos de Nilton sem reservas.

Por que amei um homem tão influenciável por tantos anos?

Desejava poder voltar no tempo e acordar a mim mesma com um tapa.

Ao virar-me, percebi que minha avó estava olhando diretamente para mim, com preocupação em seus olhos.

Eu toquei seus cabelos suavemente, mesmo que ela não pudesse sentir, e disse com uma voz terna: "Vó, eu estou bem."

Ela provavelmente queria perguntar o que havia acontecido, mas eu apenas suspirei levemente: "Nelson é um homem em quem não se pode confiar, Mirella pode facilmente manipulá-lo com algumas palavras, então, vó, recupere-se logo, por favor."

Minha avó piscou, então eu compartilhei com ela as informações que Nilton havia descoberto.

Isso deu à minha avó uma chance para respirar, de fato, suas mãos já estavam começando a se mover lentamente, embora ela ainda não conseguisse falar.

Eu sempre senti que Mirella estava tramando algo e, não vendo Nelson, fiquei inquieta, então aproveitei um momento para ir até ele.

Felizmente, ele não havia tirado o cordão de contas de Buda, permitindo-me encontrá-lo a qualquer momento.

Mas eu certamente não esperava que a cena que me aguardava fosse esta.

No seu escritório, onde ele havia ordenado que todos os pertences de Mirella fossem jogados fora na última vez.

Neste momento, ele estava encostado nela em frente à janela panorâmica.

Uma rajada de vento entrou e o quadro com nossa foto, que estava sobre a mesa, caiu com um estalo.