Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 142

As águas do rio murmuravam, e o vento soprava meus cabelos e a barra do meu vestido enquanto eu permanecia descalça sobre uma poça de sangue.

Era o mesmo lugar, mas eu já não sentia mais nada.

Não sentia dor, nem frio.

Olhei para o homem ajoelhado diante de mim. Seus olhos estavam vermelhos de tanto chorar, com uma expressão que misturava angústia e sofrimento, como se realmente me amasse.

Mas foi ele quem ordenou que só notificassem as autoridades após encontrarem meu corpo!

Foi ele quem se deitou com minha irmã mais nova na noite do nosso casamento!

Foi ele quem me ignorou, desejando que eu desaparecesse logo!

Ficva curiosa sobre qual seria sua verdadeira intenção ao dizer essa frase. Será que ele acreditava que, falando assim, os outros o viessem como um grande amante?

Estendi a mão e segurei seu queixo, dando-lhe um tapa no rosto.

Embora ele não sentisse a dor, apenas uma brisa fria passando.

A essa altura, as chances de eu estar viva eram praticamente nulas.

Afinal, Glória tinha dito algo antes de morrer: ela testemunhou quando fui levada em um carro.

Provavelmente, naquele momento, eu já havia perdido todo o meu sangue, apenas um corpo sem vida.

Nelson gritava meu nome em direção ao rio, até que acabou desmaiando tomado pela emoção.

Nesses últimos dias, ele não comia nem dormia direito, e, era natural que desmaiasse após passar uma noite inteira acordado e sem se alimentar desde que desceu o morro.

Depois que ele desmaiou, ouvi o médico legista com uma expressão preocupada dizer: "Já se passou mais de um mês. Se houvesse o corpo para ser encontrado, já o teríamos achado. Até agora, nenhuma pista apareceu. Suspeito que tenha sido cuidadosamente ocultado, será difícil encontrar."

"Mesmo que seja difícil, precisamos continuar buscando! Comece investigando o local onde Glória trabalhava. Acredito que a justiça seja inevitável, o verdadeiro criminoso será punido."

Nelson foi levado ao hospital.

Em poucos dias, ele se desgastou tanto que estava visivelmente mais magro.

Vitor correu para o hospital assim que soube e, ao ver seu filho naquele estado, era evidente o quanto estava angustiado.

Ele ficou ao lado de Nelson até que este despertasse. Nelson abriu os olhos com dificuldade, olhando ao redor.

Por várias vezes, ele me viu quando estava fraco e delirante.

Movi-me propositadamente diante de seus olhos, mas ele não teve nenhuma reação.

Seus olhos se moviam mecanicamente pelo quarto até pararem no soro.

"Nelson, como pôde se deixar chegar a esse ponto?" - Vitor disse, claramente angustiado.

A voz de Nelson era extremamente fraca, rouca e profunda: "Pai, a Marlene morreu."

Ele disse isso com uma calma impressionante.

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