Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 149

Eu estava tão ansiosa que, tendo acabado de voltar a vida, me sentia completamente deslocada em relação ao ambiente ao meu redor.

Nem sequer sabia quem era a dona deste corpo, o que me levava a crer que provavelmente não era alguém muito feliz.

Afinal, que jovem feliz procuraria a morte tão cedo?

Nilton se tornara a única pessoa em quem eu podia confiar em meio a essa confusão.

Seu olhar repousava em meu rosto.

Embora estivesse me observando, parecia que ele via outra pessoa através de mim.

Quando recobrou a consciência, ele retirou sua mão da minha e restabeleceu uma distância entre nós.

"Sra. Rocha, você está muito frágil, deite-se primeiro" - disse ele, com uma voz suave e neutra, quase como um lembrete.

Não consegui decifrar nenhuma emoção em seu rosto impassível.

Parecia que, assim como o proprietário original deste corpo, Nilton também não via o casamento como algo sentimental, mas como uma conveniência.

Lembrava-me vagamente de ter ouvido Nelson mencionar que Nilton tinha um amor secreto, mas durante todos aqueles anos na família Lopes, nunca o vi trazer essa pessoa para casa.

Era claro, todos tinham seus segredos, e isso era compreensível.

Afinal, eu não estava buscando romance.

Ele era meu melhor parceiro para os negócios que eu tinha em mente, a vingança.

Pensando em como a dona original deste corpo tentou o suicídio para escapar desse casamento, percebi que isso certamente havia deixado uma marca em Nilton.

Ele poderia ter outras opções de casamento, mas para mim, ele era o único parceiro ideal para minha vingança.

Por isso, não recuei e reafirmei minha decisão, dizendo: "Sr. Lopes, a menos que você concorde com nosso casamento."

Nilton franziu a testa, claramente inclinado a cancelar o casamento.

"Sra. Rocha, você sabe o que está dizendo?"

Lambi meus lábios secos e o encarei firmemente, dizendo, palavra por palavra: "Sr. Lopes, estou ciente, quero me casar com você!"

Ainda não havia compreendido completamente a questão da reencarnação.

Por enquanto, não podia ter certeza se este corpo permaneceria meu para sempre ou se a dona original retornaria um dia.

Esse simples termo me fez lembrar de minha própria mãe.

Ela também me amava, mas, após a chegada de Mirella, seu amor se transformou em indiferença e aversão.

Já fazia tanto tempo que eu não sentia o calor de um abraço materno.

A mulher que me abraçava era magra, mas seu calor era tão acolhedor que eu não queria afastá-la.

Levantei a cabeça e vi um rosto digno e gentil.

Ela era muito bonita.

Provavelmente tinha entre quarenta e cinquenta anos, mas parecia não ter mais que trinta.

Sua pele era suave e macia, e seus traços delicados, com uma leve semelhança ao meu rosto original.

Aquele rosto me trouxe uma sensação de familiaridade. Seus olhos vermelhos me encaravam enquanto ela acariciava meu rosto e dizia: "Janaína, não tenha medo, a mamãe está aqui."

Janaína?