Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 16

O rosto de Nelson mudou drasticamente, passando de preocupação para raiva. "Não é de se admirar que não haja nenhum sinal dela! Ela teve a audácia de partir sem dizer uma palavra!"

"Nelson, não fique bravo. Minha irmã nunca se importou muito com os sentimentos dos outros. Vem quando quer, vai quando quer. Já estamos acostumados com isso."

Se ao menos Nelson investigasse um pouco, descobriria que não embarquei no dia marcado, embora eu tivesse comprado a passagem.

Era ridículo que ele nem tenha se dado ao trabalho de verificar, apenas acreditando nas palavras de Mirella.

Ao esboçar um sorriso amargo, percebi o canto da boca de Nilton se erguer em uma expressão de sarcasmo idêntica à que curvava meus próprios lábios.

Aqueles olhos pareciam ter percebido tudo desde o início.

Nilton soltou as palavras com frieza: "Espero que você não se arrependa."

Meus olhos se arregalaram.

Como Nilton poderia dizer algo assim? Será que ele sabia de alguma coisa?

Nelson também percebeu a insinuação nas palavras dele e abriu a boca para falar algo, mas Ivan já o estava empurrando para longe.

Mirella agarrou seu braço: "Nelson, o leilão está começando, vamos nos sentar."

Fiquei olhando em volta, procurando a figura do assassino.

Finalmente, eu o encontrei.

Ele era como uma cobra ou um inseto que foge da luz, escondido em um canto escuro, observando a direção de Nelson de uma forma doentia e sombria.

Pensei por um longo tempo, mas não consegui lembrar onde tinha visto aqueles olhos antes, quem ele era?

Por que ele apareceria aqui depois de me matar?

O mais importante era: se eu realmente estivesse morta, onde estaria o corpo?

Observei ele e Mirella, mas não notei nenhum contato visual entre eles.

Ele não era um assassino contratado por Mirella?

"300 mil."

Foi a voz de Nelson.

Pensando que era uma obra de Mirella, ele usou isso como uma forma de mostrar seu amor.

Vendo-o dar o lance, Mirella o seguia envergonhada e tímida ao seu lado.

Ele estava dando um lance de oito milhões naquele quadro!

Nelson ficou pasmo.

Diante dos seus olhos incrédulos, as próximas duas pinturas também foram para Nilton por preços astronômicos.

Antes de Nilton sair, vi Nelson correr rapidamente atrás dele.

Ele colocou as mãos na porta do carro, com uma expressão muito feia: "Tio Nilton, você gastou mais de vinte milhões em três quadros, se o vovô soubesse..."

Nilton ergueu as pálpebras e olhou para ele com desdém, um olhar que só carregava desprezo.

"Você acha que eu sou tão inútil quanto você?"

Nelson ainda não havia assumido totalmente os negócios da família Lopes, e o valor que ele não conseguia cobrir foi usado por Nilton para humilhá-lo sem esforço.

"Tio Nilton, você está com alguma impressão errada sobre mim?"

Nilton o olhou profundamente, com os olhos cheios de ódio.

"Nelson, eu não vou mais ceder desta vez."