Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 164

O olhar de Nelson alternava entre clareza e confusão.

Nos últimos tempos, devido à busca por mim, seu estado mental estava abalado, e agora, em seus olhos, eu era ora Janaína, ora Marlene.

Ele me respondeu num tom atordoado: "Tudo bem."

Eu lhe dei um sorriso doce e disse: "Obrigada. Aliás, Nelson, onde está a sua esposa?"

Assim que ele me ouviu mencionar a Marlene, as pupilas de Nelson se dilataram. Ele abriu a boca, como se fosse dizer algo, mas ficou em silêncio, provavelmente sem saber como explicar.

"Minha irmã está enfrentando alguns problemas no momento. Já está ficando tarde, vamos jantar?" - disse Mirella, enquanto me puxava carinhosamente pelo braço em direção à sala de jantar.

Eu discretamente retirei minha mão da dela e voltei para perto de Nilton: "Nilton, vamos."

Na frente de outras pessoas, eu sempre o chamava de maneira carinhosa, demonstrando nossa íntima relação.

Nilton não se preocupou em me separar, então aceitou.

No entanto, seus olhos eram tão frios e penetrantes que cada troca de olhares me fazia tremer de medo.

Na sala de jantar, Dario viu minha atitude com Nilton e seu semblante sombrio se iluminou.

Afinal, era seu próprio filho. Como poderia um pai não amar seu filho?

Mesmo que este filho estivesse com as pernas incapacitadas, ele desejava o melhor para Nilton.

Sabendo das dificuldades físicas de Nilton, me levantei para servir-lhe o caldo e colocar a comida no prato. Afinal, ele seria a pessoa com quem compartilharia meu caminho daqui para frente, então era natural que eu cuidasse dele com mais carinho.

Além disso, ele havia me salvado várias vezes no passado.

Nesta vida, eu irei retribuir os favores e me vingarei das ofensas.

"Nilton, se você tiver alguma preferência, pode me falar. Eu vou te servir."

A única opção seria investigar a estátua e o livro de pele humana que estava com a minha avó.

Mas mesmo que não encontrasse nada, eu não permitiria que minhas cinzas ficassem ao lado dele dia e noite.

"Eu também gosto desse estilo. Olhando assim, essa sua pulseira parece ser de muito boa qualidade. Você estaria disposto a vendê-la? Pode nomear o preço."

Nelson, no passado, também não acreditava nessas coisas. Pensando bem, ele provavelmente não recusaria uma simples pulseira se fosse uma forma de fazer um favor e agradar alguém.

Antes que ele pudesse responder, Mirella interveio: "Você também gosta dessas coisas? Coincidentemente, tenho uma no meu quarto. Considere como um presente de Nelson para você, como lembrança do encontro. Entre família, não precisamos falar de dinheiro."

Eu só pude aceitar graciosamente: "Então, muito obrigada."

Depois do jantar, Mirella sugeriu subir para pegar a pulseir, mas eu a segui sem pedir permissão. Ela sabia que não ia conseguir me convencer a esperar, então acabou cedendo.

"Mirella e Nelson devem ter uma relação muito boa, não é? Agora, nem falo da falta de vínculo sanguíneo, mas mesmo entre irmãos de sangue, não é fácil encontrar uma conexão tão forte quanto a de vocês. Quando estavam juntos agora, quase tive a impressão de que..."