Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 199

Ele engoliu em seco: "Ok."

Esses dias, convivendo como amigos, foram realmente bons, dois seres igualmente solitários encontrando conforto um no outro.

Empurrei a cadeira de Nilton até a escada, e, ao nos ver, os olhos antes sem vida de Nelson brilharam ligeiramente.

"Tio Nilton, vocês vão sair?"

Embora Nilton não tivesse muito apreço por Nelson, talvez por consideração ao fato de ambos pertencerem à família Lopes, ele nunca o tratou mal.

E era por isso que eu disse: Nilton pode ter uma aparência fria, mas, no fundo, ele é uma pessoa calorosa.

Antes que Nilton pudesse responder, fui mais rápida: "Vamos ver nossa futura casa."

"Com esse frio, e já que o ano novo está tão perto, não seria melhor esperar?" - Nelson parecia visivelmente desconfortável com a proximidade entre mim e Nilton.

Eu sabia que era por causa deste rosto, que o fazia sentir uma estranha obsessão.

Mesmo sabendo que eu não sou Marlene, ele ainda não conseguia se livrar completamente desse sentimento.

Talvez eu ainda o atraisse de alguma forma, depois de tantos anos juntos, mesmo com uma nova identidade.

"Como assim esperar? Apesar de ser bom morar com todos, eu também quero que tenhamos nosso próprio espaço. Até o quarto da criança precisa ser preparado. Afinal, onde nosso bebê vai ficar quando eu engravidar?"

Ao dizer isso, o ar ao redor pareceu congelar.

Nilton permaneceu calado, mas percebi que suas orelhas estavam vermelhas.

Nelson gaguejou, com uma expressão de choque: "Tio Nilton, vocês já estão planejando ter filhos tão cedo?"

Nilton ainda não disse nada, parecendo confuso, e eu sabia que a situação havia sido provocada por mim. Naturalmente, era minha responsabilidade controlá-la.

Quanto mais Nelson demonstrava se importar, mais prazeroso era para mim.

Se Nelson soubesse minha verdadeira identidade, eu sussurraria: Já que você não soube valorizar nosso bebê, que diferença faz quantos filhos eu tenha com outros homens?

Meu sorriso se alargou: "Nelson, não me subestime por ser jovem. Sou qualificada e adequada. E não pense que Nilton, mesmo numa cadeira de rodas, é incapaz. Especialmente à noite... Eu mal consigo me manter de pé."

Nilton parecia não acreditar no que havia acabado de ouvir.

Seu rosto, antes apenas levemente ruborizado, agora estava inteiramente vermelho. Ele engoliu em seco, com sua garganta movendo-se de forma quase imperceptível.

Nelson, por sua vez, parecia profundamente desapontado: "Vocês já...?"

"Nelson, você é casado, deveria entender perfeitamente como é uma lua de mel. Ah, me desculpe, esqueci que você nem teve uma cerimônia de casamento. Mas não preciso te explicar essas coisas depois de tantos anos de seu relacionamento, né?"

Como uma verdadeira vilã, virei-me para Nilton, deslizando minha mão sobre sua bochecha.

Olhando-o com intensidade e ternura fingida, continuei: "Você é tão incrível, sabe? Minhas costas têm doído tanto... poderia me dar uma massagem?"