Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 209

Vitor, percebendo que suas palavras não surtiriam efeito com Dario, olhou para Nilton com uma expressão de súplica: "Nilton, ajude a convencer o pai, por favor. Nelson passou a noite de joelhos, e seu corpo não vai aguentar."

Embora Dario fosse a autoridade máxima da família Lopes, Nilton possuía uma presença imponente, e até mesmo Dario tinha que demonstrar certo respeito a ele.

Quando Nilton fixou seu olhar em Nelson, sua voz cortante e fria ecoou: "Esse seu ato foi durante a noite de núpcias, não foi?"

Eu fiquei surpresa, pois Nilton já sabia do caso de Nelson com Mirella. Ele apenas havia advertido Nelson levemente, sem aplicar uma punição significativa.

Afinal, o que importava o momento da traição? Por que ele estava tão interessado em saber isso?

Nelson evitou encontrar o olhar de Nilton, claramente sem coragem para enfrentá-lo.

Nilton soltou uma risada fria: "Parece que foi mesmo."

"Tio Nilton, eu..." - Nelson tentou argumentar, mas as palavras ficaram presas em sua garganta.

Era um fato, e nada do que dissesse poderia mudar isso.

"Ivan, traga o código de conduta da família." - ordenou Nilton, com uma frieza que deixou Vitor em choque.

Ele não era o reforço que tinha chamado? Como poderia piorar a situação?

"Não, Nilton, deve haver um mal-entendido. Eu quis dizer..."

Nilton levantou a cabeça abruptamente, e a pressão imponente que emanava dele fez Vitor se calar.

"Na noite de núpcias, Marlene morreu tragicamente à beira do rio, enquanto ele cometia adultério em sua casa nupcial. Um homem assim merece viver neste mundo?"

Eu sempre soube que Nilton era um homem reservado e frio, mantendo-se distante de relacionamentos emocionais. Mas ele sempre foi estável, equilibrado, nunca permitindo que suas emoções tomassem conta.

Essa era a primeira vez que o via tão enfurecido.

Vitor acabou se colocando em uma situação difícil, e Nilton olhou para Ivan: "Bata nele, sem piedade."

Embora a família Lopes já tivesse recorrido a castigos físicos antes, geralmente eram moderados, o suficiente apenas para ensinar uma lição. Nelson, nas ocasiões anteriores, sempre se recuperava em poucos dias.

Mas Ivan era diferente.

Com quase um metro e noventa de altura e um físico robusto, ele era claramente treinado para esse tipo de tarefa e não seria indulgente.

Ele gritou de dor: "Ah."

"Dói?" - perguntei, com um olhar frio e calculado.

Nelson encontrou a fúria e o ódio no fundo dos meus olhos, sabendo que deveria esconder minhas emoções.

Mas eu simplesmente não conseguia me conter. Todos aqueles anos juntos, e no fim, tudo o que recebi foi uma morte cruel, sem sequer um corpo para enterrar.

Eu estava com dor! Eu queria que ele sentisse essa dor!

"Você, você é..." - ele parecia ver Marlene parada diante dele.

Sem hesitar, continuei golpeando-o, repetidamente. Se ele não tivesse me salvado naquela época, não teríamos chegado a este ponto trágico.

'Nelson, isso é o que você me deve.'

Nelson parou de gritar, olhando fixamente para mim, como se tentasse ver minha alma através da minha aparência física.