Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 313

Não poderia afirmar com certeza. Naquele momento, o que eu tinha visto era apenas uma câmara de pedra, e Glória, antes de desaparecer, tinha deixado apenas uma pista sobre uma oficina mecânica.

Mas mesmo que essa pista fosse tão frágil quanto um fio de teia de aranha, eu seguiria em frente com a investigação.

"Então você suspeita, mas não tem certeza, correto?" - Nilton perguntou.

Eu acenei com a cabeça: "Sim, não tenho certeza, mas acredito que era em um porão escuro, onde a luz não chegava."

Quando cheguei a essa conclusão, Nilton me olhou seriamente: "Por que você acha que era um porão? Janaína..."

Havia curiosidade nos seus olhos, e uma sombra de emoções complexas que eu não conseguia decifrar totalmente.

Quase me entreguei com as palavras. Embora Nilton estivesse me ajudando, ainda não podia revelar tudo a ele.

Quem acreditaria que eu renasci? Essa história fantástica, mesmo se contada, não seria levada a sério, e talvez eu fosse vista como uma aberração, certo?

"Eu... eu apenas supus. Deveria ser um lugar mais escondido, certo? O que você acha?"

Nilton continuou, sem hesitar: "Janaína, sei que você está determinada a descobrir a verdade, mas já estou investigando há mais de um mês. Pelas pistas que encontrei, ela é muito astuta e esconde um segredo chocante."

"Eu mandei algumas pessoas vigiá-la por um bom tempo, especialmente agora que ela está mais cautelosa. Mesmo que tenha aparecido aqui hoje, não significa que seja algo sério, pode ser uma armadilha."

Com esse lembrete de Nilton, algo se iluminou em minha mente.

"Você quer dizer que Mirella pode ter preparado uma armadilha esperando que eu caísse nela?"

"É apenas uma hipótese. Talvez ela não esteja mais aguentando esperar e queira discutir uma estratégia com alguém, ou talvez esteja tentando te atrair para uma armadilha. De qualquer forma, por enquanto, precisamos ser cautelosos, para não assustar a presa."

Nilton segurou minha mão com ternura, tentando me acalmar: "Não se preocupe. Me dê um pouco de tempo, eu vou descobrir tudo."

Durante essa jornada, meu coração estava na garganta. Eu ansiava por entrar naquela câmara de pedra.

Mas o que Nilton dizia também fazia sentido: aqueles dois golpes haviam sido devastadores para Mirella, e ela certamente ficaria ainda mais cautelosa.

Ou permanecemos inativos por enquanto, ou aguardamos o momento certo para contra-atacar.

Como uma cobra espreitando nas sombras, seus olhos poderiam estar observando cada um dos meus movimentos.

Não podia ser impulsiva. Mirella era apenas uma marionete, e eu não podia assustar quem estava por trás dela.

"Vou seguir seu conselho." - Apesar da relutância, não queria atrapalhar o plano de Nilton.

"Vou mandar alguém verificar. Se realmente houver um porão aqui, eu encontrarei mais cedo ou mais tarde."

Nilton suspirou: "Desculpe fazer você vir até aqui, mas ainda acho que é melhor prevenir do que remediar."

"Não tem problema, eu posso esperar."

Apertei sua mão em sinal de entendimento. "Eu tenho todo o tempo do mundo para esperar."

Ele levantou a mão e tocou meu rosto: "A verdade sempre vem à tona. Até esse dia chegar, o que devemos fazer é nos manter discretos e não nos precipitarmos. Claro, embora não possamos agir abertamente agora, ainda podemos preparar algumas armadilhas para ela."

Eu pisquei para ele, descontraída "Sr. Lopes, alguém já te disse que você é bastante astuto?"

Ele roçou a ponta do meu nariz: "Você é a primeira a dizer isso. Vamos embora agora?"

"Eu quero esperar mais um pouco."

"Claro, pode me alimentar..."

Ele fez tal pedido, e eu simplesmente não consegui recusar.

Eu estava prestes a comer a metade que segurava na mão para, em seguida, pegar um pedaço novo para ele, quando, inesperadamente, ele segurou meu pulso e deu uma mordida naquela mesma metade.

"Não é à toa que as moças gostam, é realmente gostoso." - Ele comentou casualmente, me pegando de surpresa.

Então… Ultimamente, ele parecia cada vez mais próximo de mim!

Mas parecia que eu ainda não havia encontrado um motivo para afastá-lo. Havia algo peculiar nisso, algo que eu não conseguia explicar.

"Por que está me olhando assim? Somos casados, compartilhar um pedaço de bolo não é problema, certo?"

Fazia sentido, mas ainda parecia haver algo errado.

"Se você não está acostumada, posso te ajudar a praticar."

"O quê? Praticar o quê?"

Isso também podia ser praticado?

Antes que pudesse pensar mais, ele me puxou de repente para seu colo. Um braço envolveu minha cintura enquanto o outro apoiava minha nuca, e, sem qualquer aviso, ele me beijou.

Meus olhos se arregalaram de surpresa, e minhas mãos, sem forças, repousaram em seu peito: "Nil... Ahhh..."

Nesse instante, uma figura alta surgiu ao longe, emergindo na escuridão da noite.