Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 327

Eu então comecei a explicar: "Naquele momento, Nelson e Nilton estavam discutindo, Nelson estava prestes a agredir Nilton, e Ivan não estava por perto. Então eu, num impulso para intervir, simplesmente peguei um vaso que estava por perto..."

"Simplesmente? Você fala como se fosse algo trivial. Se tivesse uma faca na mesa, teria enfiado nela?"

Adriana finalmente encontrou uma brecha em minha defesa. Essa era a chance dela de recuperar o controle sobre a posição de Sra. Lopes.

Ela sabia exatamente o que estava fazendo, instigando a situação com intenção, pois sabia que Dario queria proteger seu neto.

Mas ela subestimou minha determinação.

Olhei fixamente para ela e disse: "Então eu deveria apenas ficar de braços cruzados e assistir?"

"Não importa se Nilton é meu marido, mesmo que fosse um estranho, eu jamais permitiria que Nelson machucasse uma pessoa com deficiência, que não consegue se defender! Ele poderia me derrubar com um simples empurrão. Naquela situação, como eu poderia simplesmente ficar parada?"

Ao dizer isso, comecei a chorar: "Papai, eu sei que agi impulsivamente, mas eu realmente estava preocupada. Se alguém deve ser punido, sou eu. Isso não tem nada a ver com Nilton."

"Eu só espero que o papai não se esqueça: Nelson é o seu neto, mas Nilton também é o seu filho. Ele é mais velho, sim, mas não tanto assim em relação a Nelson. Ele já pertence a um grupo mais vulnerável. O que Nelson fez a ele foi ainda mais cruel. Se eu não estivesse ali naquele momento, o que teria acontecido? Nilton estaria completamente indefeso, permitindo que Nelson o agredisse sem qualquer resistência?"

Enquanto chorava, imediatamente comecei a nos colocar como vítimas da situação.

Dario olhou para Nilton, e eu já havia percebido a preferência dele por Nelson.

Isso era natural, pois Nilton sempre foi tão maduro e estável, que suas necessidades e sua idade eram frequentemente ignoradas.

Dizem que crianças que choram ganham mimos, e isso se aplica em qualquer situação.

Mas Nilton era jovem e tinha uma deficiência, isso era um fato incontestável.

Dario então perguntou: "Como você está? Está machucado?"

"Não tive a chance de me machucar." - Ele respondeu friamente.

"Se não fosse pela interferência de Janaína, talvez quem estivesse no hospital agora seria eu."

"Nelson, você chegou na hora certa. Nos conte o que aconteceu? O que exatamente Nilton fez para você se sentir tão compelido a agredi-lo?" - perguntou Adriana.

Mas Nelson apenas me encarou, fixamente. Então, começou a caminhar na minha direção.

Sob seu olhar intenso, senti uma mistura de medo e expectativa, como se ele fosse revelar algum segredo sombrio.

Ele olhou diretamente nos meus olhos e disse, palavra por palavra: "Porque o Tio Nilton tirou algo que era meu! Algo muito importante para mim!"

Meu coração disparou.

Será que Nelson havia descoberto?

As pessoas ao redor ficaram confusas: "O que Nilton tirou de você?"

Nelson me encarou, com a voz embargada: "Ele tirou a minha..."