Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 343

"A nossa família logo terá um novo membro. Vocês não estão felizes?"

Lancei a Otávio um olhar frio: "Seu filho? Não estou esperando nada."

Otávio estava prestes a me repreender, mas ao ver Nilton ao lado, conteve-se: "Sei que você me odeia, mas a família Rocha precisa de um herdeiro. Se sua mãe me der um descendente, eu..."

Não me dei ao trabalho de responder, apenas apoiei minha mãe: "Vou levá-la para casa e pensar em tudo com mais clareza."

No fundo, minha mãe ainda era uma garota frágil. Aos dezoito anos, foi forçada a se casar, tornando-se mãe e esposa antes mesmo de se encontrar como pessoa.

Ao longo dos anos, ela não recebeu o amor de seu marido nem compreensão da família.

Pior ainda, precisou cuidar de uma filha que lutava contra a depressão.

Ela caminhou sozinha na escuridão por muito tempo. Agora, grávida, devia estar cheia de sentimentos conflitantes.

Não podia deixá-la agora.

"Já está tarde... você e Nilton podem ir."

Nilton me olhou, com seus olhos firmes como sempre. Embora não dissesse nada, pude sentir que queria me levar com ele.

"Nilton, eu quero ficar com minha mãe esta noite."

"Tudo bem." - Ele não se opôs. Sua generosidade era imensa como o oceano.

Nos despedimos, e a primeira coisa que fiz ao entrar no carro foi mandar uma mensagem para ele.

[Renata certamente não vai ficar de braços cruzados. Vai tentar atacar Mirella. Embora a arma dela seja cega, pode acabar revelando quem está por trás de tudo. Mantenha um olho nela.]

Renata era como uma mosca incômoda: não causava ferimentos fatais, mas sua presença era insuportável. As pessoas usavam inseticidas e raquetes elétricas para lidar com criaturas assim.

Mirella, agora grávida e casada na família Martins, não ousaria me atacar... Mas Renata?

Nilton e eu, só precisamos esperar essa pista aparecer para então seguir o fio da meada.

Nilton respondeu rapidamente:

[Certo, mais alguma coisa?]

Otávio se aproximou dela, envolvendo sua cintura: "Minha esposa está grávida."

As lágrimas contidas de minha mãe caíram naquele momento, rolando pelo seu delicado queixo até o chão, formando pequenas cavidades nas poças.

Fernando encontrou sua voz entre o vento, e um sorriso forçado surgiu em seus lábios: "Grávida? Então... Parabéns."

As mãos do Fernando estavam firmemente cerradas, mostrando as veias salientes.

Quando ele escondeu a mão atrás do corpo, avistei sangue escorrendo de seus dedos até o chão.

Uma, duas gotas... como lágrimas escarlates de uma ameixeira.

Otávio exibiu um sorriso triunfante: "Sr. Teixeira, parece que se importa muito com minha esposa. Com um simples telefonema, você correu para o hospital. Mas ouviu bem: ela está grávida... Grávida do meu filho. A partir de agora, mantenha distância."

Ele foi tão baixo! Deliberadamente chamou o seu rival apenas para humilhá-lo.

Minha mãe, tomada pela fúria, ergueu a mão e desferiu um tapa violento no rosto de Otávio: "Otávio, seu desgraçado!"