Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 357

Eu observei minha mãe deitada na cama do hospital. Ela também parecia um pouco surpresa.

Com cuidado, ajudei-a a se sentar, e meu olhar transparecia compaixão: "Mamãe, são gêmeos."

A expressão dela se desfez em desorientação, um misto de emoções conflitantes refletido em seu rosto.

"Vocês ainda têm algumas horas para se prepararem. Considerem bem, afinal, sua mãe não é mais tão jovem. Interromper a gestação agora pode comprometer futuras tentativas."

"Obrigado, doutor."

"De nada. Voltem em quinze minutos para pegar os resultados dos exames e verificar se está tudo certo para a cirurgia."

Minha mãe parecia distraída, perdida em seus pensamentos.

Não sabia se haveria reencarnação após a morte, mas se Janaína pudesse voltar, seria maravilhoso.

Meu maior arrependimento foi não ter conseguido salvar aquele bebê... Por isso, não queria ver este também desaparecer.

Mas minha mãe tinha seus próprios motivos e considerações. Não podia forçá-la a nada, então me limitei a permanecer ao seu lado, em silêncio, observando a tempestade cair pela janela.

Logo a enfermeira trouxe os resultados dos exames, informando que minha mãe estava apta para a cirurgia. Como havíamos tomado café da manhã há pouco, o médico recomendou esperar algumas horas antes de prosseguir.

Essas horas deviam ter sido intermináveis para minha mãe.

Ivan apareceu, surgindo em meio à tempestade, carregando alguns lanches e suco.

"Conforme o senhor solicitou."

Fiquei surpresa por um momento. Aquelas eram das lojas perto da universidade onde eu costumava ir com amigos... Como ele sabia?

"Obrigada."

"De nada. Estarei do lado de fora. Qualquer coisa, é só chamar."

"Ok."

Eu tomei um gole do suco de caju e experimentei alguns dos salgadinhos. O hospital ficava a poucos quilômetros da universidade.

Minha mãe me observou, pensativa: "Ele é muito bom para você."

"Sim."

Nilton foi a primeira pessoa a perceber que eu havia renascido. Se não fosse por amor, ele jamais teria notado tão rápido.

"Ver você feliz tranquiliza o meu coração."

Nos olhos dela havia uma tristeza profunda. Depois de permanecer imóvel por um longo tempo, ela se levantou lentamente e saiu para ver a tempestade cair.

"Senhor, eu..."

"Por favor, Janaína. Ela não está atendendo minhas ligações..."

A voz da enfermeira interrompeu: "Bianca Coelho, está na hora de começar a preparação pré-operatória. O anestesista já está pronto."

Fernando parecia desesperado: "Janaína, onde vocês estão? Por favor, não façam isso, não abortem!"

Minha mãe entrou, me observando: "Quem era?"

"Nada. Ninguém. Pode ir se trocar."

"Ok."

Minha mãe seguiu a enfermeira como um autômato, sem esboçar reação. Quando desapareceu na sala de preparação pré-operatória, voltei meu olhar para a tempestade que continuava caindo do lado de fora.

'Sr. Teixeira... Espero não ter cometido um erro.'

O tempo parecia correr rápido demais. Ele conseguiria chegar a tempo?

Para minha surpresa, Fernando chegou mais depressa do que eu imaginava, invadindo o hospital diante da tempestade e chutando a porta da sala de cirurgia sem hesitar.