Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 371

Lembrei-me dos velhos tempos e da construção da nova casa com Nelson, desde o projeto até a conclusão, na qual me envolvi pessoalmente por alguns anos.

Até mesmo cada árvore foi escolhida com grande cuidado por mim, e, no fim, antes mesmo de me mudar, tudo já estava abandonado. Simplesmente me faltava energia para começar tudo novamente.

Nilton percebeu o que eu estava pensando: "Marlene, talvez Mirella já desconfiasse de você há algum tempo. Precisamos agir logo. Primeiro, para eliminar qualquer suspeita dela, e segundo, para ocupar sua mente, entende?"

"Sim."

Entramos na loja de móveis e comecei a selecionar os itens com atenção.

Quando passamos pela seção de quartos infantis, Nilton parou: "Não quer entrar para dar uma olhada? Aproveitamos para escolher algumas coisas."

Eu fiquei com as orelhas vermelhas: "Ainda nem temos filhos... Parece precipitado."

Nilton olhou nos meus olhos: "Mas teremos, não é?"

"…Sim."

A seção de bebês era tão acolhedora, cheia de cores suaves e detalhes delicados.

Meu coração apertou ao lembrar daquele bebê que nunca conheci. Eu nem sequer soube seu sexo...

Peguei um chocalho sem pensar, imaginando se ele voltaria para mim, caso eu engravidasse novamente.

"Gosta?"

Minha expressão estava um pouco triste: "Quando estava no hospital tentando salvar a gravidez, a única coisa que me mantinha viva era aquele bebê... até comprei muitas roupinhas e brinquedos pela internet, mas ele me deixou tão rápido."

Ninguém sabia, mas essas encomendas foram chegando uma após a outra após receber alta.

Cada pacote que eu abria fazia meu coração sangrar um pouco mais.

No final, queimei tudo o que havia comprado para a criança.

Então, ver aqueles pequenos itens novamente fazia a dor retornar como uma ferida jamais cicatrizada.

Doeu tanto!

"Nilton, isso…"

Ele atendeu a ligação, e sua expressão foi ficando cada vez mais sombria.

Meu coração apertou, sabendo que havia notícias de Ivan.

Depois de desligar, ele me pediu para levar a almofada e finalizamos as compras.

Já no carro, garantindo que estava tudo seguro, perguntei ansiosa: "E então? Como foi?"

"Estamos no caminho certo. Ele voltou para aquela oficina mecânica."

"Eu sabia! Glória havia o visto naquele lugar! Aquela oficina definitivamente tem algo errado!"

Eu fiquei agitada: "Nilton... Minha alma já esteve em um porão. Era um lugar grande, e meu corpo estava sobre uma mesa de pedra! Você não disse que parecia um cemitério bagunçado? Suspeito que o porão esteja sob a oficina."

Segurei a mão de Nilton: "Nilton, eu preciso ir até aquele lugar. Deve haver pistas sobre o meu corpo!"