Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 411

Ivan assentiu com a cabeça: "Entendi, senhora."

Resgatar Renata não era apenas uma obrigação: ela era a chave que eu precisava para desestabilizar Mirella.

Dessa forma, eu não precisaria agir diretamente, mantendo-me fora do radar do círculo que a protegia.

Operar nas sombras sempre foi mais seguro.

Encontrei Nelson sem dificuldade. Ele estava sentado no corredor, observando a tempestade cair, perdido em pensamentos. Sua expressão mostrava um cansaço profundo, como se estivesse se desvanecendo lentamente, tal qual uma planta definhando sem luz.

Seus olhos indiferentes ganharam um brilho ao me ver.

Ele tentou me chamar pelo nome, mas ao notar meu olhar de advertência, corrigiu-se: "Tia Janaína."

Discretamente, examinei o ambiente para garantir que não havia câmeras por perto.

Aproveitando que meus sapatos estavam um pouco sujos, agachei-me para limpá-los com um lenço de papel, usando o gesto como desculpa para sussurrar algumas palavras rápidas.

Nelson suspirou levemente: "Entendi."

Ele sabia que estava sendo manipulado, mas que já não tinha mais escolha.

Quer fosse para buscar vingança por mim, corrigir erros passados, acertar contas com Mirella que quase o matou, ou simplesmente proteger sua ligação com a família Lopes.

Ele só tinha um caminho a seguir, sem possibilidade de voltar atrás.

Não lhe dei mais atenção e me virei para sair. Mesmo se alguém me visse, não levantaria suspeitas.

A hora de usar o descartável finalmente chegara.

Quem poderia imaginar que a história tomaria esse rumo?

Nelson, outrora manipulado por Mirella, agora se entregava à minha vontade, oferecendo-me a outra ponta do fio que eu precisava.

Comparado ao que ele havia gastado em um leilão anterior, aquilo era como um pequeno esforço para ele.

Ele não era tolo. Com as circunstâncias mudando, se Renata perdesse o favor, e ele investisse demais, não conseguiria sequer recuperar o que havia investido.

A generosidade anterior com Renata vinha dos benefícios que ela proporcionou nos últimos dois anos, graças a Otávio.

Quando Renata deixasse de ser útil, ele certamente a descartaria.

"Só 50 mil? Isso nem compra um vestido decente!" - Renata reclamou, fazendo bico.

"Renata, seja obediente. Gastamos uma fortuna naquele leilão, e eu ainda estou tentando equilibrar as contas da empresa. A situação está complicada agora. Mas não se preocupe, o Sr. Rocha gosta tanto de você que logo restaurará seu cartão de crédito."

"É verdade, como àquela Janaína poderia ser comparada a mim? Aquela desgraçada! Carlos, quando você vai se livrar daquela mulherzinha da família Barbosa?"

Carlos pareceu desconfortável: "Renata, ela está grávida de um filho meu agora. Mesmo que eu quisesse, minha família jamais permitiria algo contra ela. Fique tranquila, assim que ela der à luz, eu a mandarei embora. Afinal, não somos casados oficialmente. O que você tem a temer? A gravidez foi um acidente, eu também não queria isso. Mas, da próxima vez, por favor, evite agir por impulso e contratar alguém para matar! Para te tirar daquela enrascada, precisei usar muitos contatos e gastar uma fortuna, entendeu?"