Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 434

Na manhã seguinte.

Hoje seria véspera de Ano Novo, um dia reservado para a reunião familiar.

À noite, eu retornaria para o jantar na casa da família Lopes, e minha mãe já havia me ligado mais cedo, pedindo para eu ir até a casa da família Rocha ao meio-dia.

A notícia sobre o acidente de carro da família Barbosa já havia se espalhado, e eu decidi visitá-los em nome da família Lopes.

Os outros estavam bem, mas Eliana estava claramente abalada, provavelmente devido ao acúmulo de problemas familiares. Agora, com o acidente, parecia perdida.

Quando cheguei, uma enfermeira tentava aplicar uma injeção nela.

Ao abrir a porta, avistei Eliana em pé na cama, descalça, com um olhar desconfiado para todos ao redor, como se estivesse sempre à espera de algum malfeitor.

"Sra. Barbosa, por favor, desça da cama."

"Minha querida, você está segura aqui, ninguém vai te machucar!"

Quando a porta se abriu por completo e Eliana notou a minha presença, ela rapidamente saltou da cama e correu até mim, agarrando minha mão: "Marlene, vamos embora! Há demônios nesse lugar!"

Observando seus olhos vazios, eu quase pude entender o que havia acontecido.

"Sr. Barbosa, o que aconteceu com a Sra. Barbosa? Eu ouvi que foi um pequeno problema com o carro, ela..."

Joaquim suspirou: "Desculpe, Sra. Lopes, por esse constrangimento. Minha esposa ficou traumatizada com o acidente. Depois de descansar um pouco, ela ficará bem. Você se parece tanto com nossa filha falecida que, por um momento, ela pensou que você fosse ela."

"Entendo."

Apontando para Mirella ao lado, disse: "Sra. Barbosa, a senhora se confundiu, eu não sou sua filha. Ela é a sua filha."

Ao ver Mirella, Eliana reagiu como um gato assustado, escondendo-se atrás de mim instantaneamente.

"Marlene, é ela mesmo, o demônio! Foi ela quem nos colocou contra você, quem fez seu irmão tomar o seu lugar, e com certeza, o acidente de ontem à noite também foi obra dela!"

Achei interessante. Quando Eliana estava lúcida, era facilmente manipulada por Mirella.

Agora, em estado de confusão, ela parecia enxergar tudo claramente.

Mas qual era a diferença entre ela e eu no começo? A família Barbosa simplesmente se recusava a acreditar nela.

"Mamãe. Somos uma família, por que eu faria algo contra vocês?"

Joaquim também pareceu irritado: "Isso é um absurdo, pura loucura! Sra. Lopes, não dê ouvidos a ela."

"Sim, mas acho que a condição da Sra. Barbosa não está boa. Sr. Barbosa, talvez seja melhor prestar mais atenção nela."

Mirella disse: "Papai, não é uma questão de saúde física. Acho que deveríamos levá-la a um psicólogo."

"Exatamente, não podemos deixá-la assim, falando coisas sem sentido."

"Eu sabia! Tendo gasto tanto dinheiro com a manutenção do carro, como meu veículo poderia falhar? Sr. Machado, você precisa descobrir quem fez isso. Isso é terrível! Minha família inteira estava no carro, se algo realmente tivesse acontecido, estaríamos mortos."

Joaquim, embora não fosse tão exagerado quanto Eliana, estava visivelmente assustado.

"Toda a família?"

"Exceto pela minha filha mais nova. Nós nos separamos assim que saímos do hospital."

Ricardo fixou seus olhos em Mirella: "Então, durante o acidente, só a Sra. Mirella Barbosa não estava no carro?"

Mirella, com uma postura firme, não se deixou intimidar pelo interrogatório do Ricardo: "Pelo que percebi, Sr. Machado, você parece desapontado por eu não estar no carro naquele momento?"

"Não é desapontamento, só acho que a sua sorte é sempre tão impressionante, sempre escapando de acidentes por tão pouco."

"Ninguém deseja que essas coisas aconteçam. Eu também fiquei muito preocupada com meus pais e com meus irmãos."

Ricardo deu um passo à frente, com uma sensação de pressão crescente: "Sra. Barbosa, a senhora sabia que o trecho da estrada onde Breno morreu foi exatamente o mesmo onde aconteceu um grave acidente de carro na noite passada?""

"O quê?" - Joaquim perguntou apressadamente.

"No mesmo trecho onde Breno morreu, houve uma colisão envolvendo três carros, com várias mortes. O acidente aconteceu dez minutos depois do seu."

Joaquim empalideceu: "Então, Sr. Machado, você está dizendo que... se não tivéssemos mudado de rota no último momento, teríamos sido nós as vítimas?"