Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 470

A verdade finalmente havia vindo à tona, revelando-se um grande mal-entendido, e só então meu coração pôde finalmente encontrar algum alívio. Eu também estava profundamente preocupada com a pequena menina que, tão jovem, acabou nas mãos deles. O que seria dela agora?

"Sim, ela foi intencionalmente jogada na água. Naquele momento, havia dois planos, e como ela era muito jovem, a reidentificação dela seria difícil, então ela foi escolhida. Mas não se preocupe tanto, ela foi bem cuidada ao longo dos anos e não teve uma vida tão ruim."

"E onde ela está agora?"

"Ela está..." - A voz dele estava rouca: "Tem água?"

Sua interrupção foi tão abrupta quanto um comercial de TV, mas eu, querendo saber onde minha irmã estava, não pude deixar de atender ao seu pedido, por menor que fosse.

"Espere um momento."

Ivan foi rápido e logo trouxe um copo de água. Ele bebeu com avidez, como se estivesse desesperadamente sedento, engolindo grandes goles.

"Ela sempre esteve confinada na casa do senhor."

Ouvindo-o finalmente revelar a verdade, e não pude deixar de continuar questionando: "Quem é esse senhor? Por que você e Mirella se envolveram nessa confusão? Quantas pessoas fazem parte da sua organização? Onde fica o esconderijo?"

"Você fez tantas perguntas de uma vez só, como espera que eu responda?"

"Então responda uma por uma. Eu tenho todo o tempo do mundo!"

Ele lambeu os lábios antes de começar a falar. "Mirella e eu somos apenas peões nas mãos do senhor, preparados há muito tempo para nos vingar da família Barbosa. Nós somos órfãos, sem pai nem mãe, resgatados ainda muito pequenos. Pensávamos que tínhamos chegado a um orfanato benevolente, mas aquele lugar… era o inferno."

"Desde pequenos, fomos treinados, começando com a caça de animais, até chegarmos ao assassinato. Nossa resiliência mental vem desses treinamentos especializados."

"Quantas crianças havia nessa organização?"

"No início, havia muitas, mas muitas não resistiam à intensidade do treinamento e acabavam morrendo. Restaram poucas. Apenas aquelas que conseguiam superar podiam avançar para a próxima fase das missões."

"E uma delas era a Mirella? Qual é o verdadeiro nome dela?"

"O quê?"

"Se você ver Mirella novamente, espero que diga a ela que 'eu a amo'. Sei que não conseguirei sair da família Lopes."

Ao ver sua expressão, fiquei com sentimentos mistos. Então, acenei com a cabeça: "Certo, eu direi a ela seus sentimentos. Agora, você pode me contar tudo?"

"Claro, eu vou te contar..." - ele murmurou.

Mas, nesse momento, sem qualquer aviso, ele de repente mordeu a própria língua com força. Com uma determinação mortal, tudo aconteceu em um piscar de olhos, de forma totalmente inesperada.

Eu ainda estava tentando processar o acontecido quando ele cuspiu a língua cortada.

"Ah!"