Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 487

Tomei meu suco calmamente e perguntei: "O que você quer dizer?"

"Eu sei que Renata foi mimada mal por mim, e por todos esses anos de dívida com você e sua mãe, você me culpa. Eu realmente posso entender."

Otávio perdeu o machismo que havia expressado na frente de Renata, abaixou a cabeça e disse: "Janaína, os erros já foram cometidos. Nem sua mãe e nem eu ficamos felizes todos esses anos."

"Isso tudo não foi culpa sua?"

"Sim, portanto, não importa o quanto ela agora não pense em mim ou o quanto esteja ressentida, eu consigo suportar. O que eu realmente desejo é compensar. Posso até ignorar a Pâmela, mas o caso da Renata é diferente… Ela é a minha filha."

Ao ouvir as palavras "minha filha", não pude deixar de rir e perguntei com cautela: "Existe a possibilidade de que ela não seja?"

Otávio ficou atônito por um momento antes de responder: "Como isso poderia ser possível?"

Esse tipo de homem orgulhoso realmente nunca avaliou essa possibilidade.

"Janaína, já tomei minha decisão. Em alguns dias, vou deixá-la sair do país. Vou lhe dar uma quantia em dinheiro, como uma compensação pelo nosso vínculo de pai e filha, e também como presente de casamento para que ela possa se casar. Depois disso, vou viver em paz ao lado de vocês e não vou mais ficar dividindo minha atenção entre os dois lados, para evitar que você e Bianca sofram."

"Eu gostaria de perguntar: quanto você planeja dar a ela?"

"Sua irmã sempre foi uma esbanjadora desde pequena. Se for muito pouco, não será suficiente para ela..."

Eu ri friamente: "Enquanto você não cortar de vez esse vínculo de pai e filha, nunca conseguirá. Hoje, você a presenteia com dinheiro para mandá-la embora, mas e amanhã, se ela ficar sem nada e vier pedir mais? Você vai dar? Quando ela se casar, você, como pai, vai estar presente ou não? E se ela tiver filhos, você vai conseguir não se importar? Se ela sofrer na casa da família do marido, você vai conseguir não apoiá-la? Otávio, não se engane, é um vínculo que você simplesmente não pode romper. O que você quer, na verdade, é apenas apaziguar as coisas."

"Sinto muito, mas nesses vinte anos fomos tão maltratadas por ela e pela filha dela que simplesmente não consigo sentir o que você sente. Não posso perdoar Pâmela e sua filha pelos danos que causaram a nós, e nem a mamãe pode! Já te disse antes, é uma escolha: ou elas, ou nós. Se você optar por elas, então se divorcie da minha mãe!"

Ao ver minha firmeza, Otávio ficou frustrado: "Por que você tem que ser tão teimosa? Separar sua mãe de mim… O que você ganha com isso?"

"Ele? Ele realmente é bastante ousado."

Nilton fez um gesto para que eu me aproximasse e eu me sentei em seu colo, deixando que ele me abraçasse com carinho.

"O que ele fez?"

"Ele conseguiu algumas drogas, provavelmente planejadas para Otávio."

Lembrei do momento em que ele pediu para a Pâmela fazer um seguro de vida para o Otávio. Não acreditei que ele fosse tão cruel!

"O que pode acontecer se ele tomar aquela droga?"

"Em pequenas quantidades, os efeitos são sutis, mas o uso prolongado pode afetar o cérebro a ponto de deixar a pessoa confusa. Acredito que ele planeja devorar Otávio lentamente, explorando sua perda de sanidade para fazê-lo assinar documentos. Quando Otávio já não tiver mais utilidade, ele pretende que sua morte seja 'acidental', e até mesmo sua morte poderia gerar uma grande apólice de seguro. Assim, a maior parte dos bens da família Rocha acabaria nas mãos de Renata."