Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 495

Eu me virei e notei o Otávio parado na beira do terraço, fumando. Eu não conseguia ver sua expressão, pois a chuva o cobria completamente, trazendo consigo uma aura de solidão.

Mas, existiria alguma cura para o arrependimento neste mundo?

Erros não podem ser mudados. Ninguém vai esperar por você para sempre.

Haverá sempre um preço a ser pago por fazer a coisa errada.

Essa foi a retribuição de Otávio, e logo seria a vez daqueles que haviam cometido o mal.

O destino de todos já estava sendo traçado nas sombras.

Ao sair do jardim, notei um carro executivo preto estacionado. Quando ele me avistou, a porta se abriu lentamente, e logo pude ver um homem sentado em uma cadeira de rodas.

Ele devia estar ali há algum tempo, trabalhando em seu notebook, que fechou assim que a porta se abriu. Olhou para mim com um olhar carregado de ternura.

"Nilton..."

Corri até ele, grata por já ter atravessado aquele abismo escuro, pois Nilton era exatamente a luz na escuridão.

Entrei no carro tremendo de frio, e as gotas de chuva em meu corpo começaram a evaporar sob o sopro do ar quente.

Percebendo a complexidade de meus sentimentos, ele perguntou: "Seu pai concordou?"

Era impossível esconder algo dele. Nilton era a pessoa mais inteligente que eu já havia conhecido.

Não apenas em termos de QI, mas também de inteligência emocional. Muitas vezes, ele precisava apenas de uma olhada para prever como os eventos se desenrolariam.

"Como você tinha tanta certeza de que ele concordaria com o divórcio?"

"Porque eu vi amor em seus olhos. Aqueles que realmente amam não têm coragem de machucar."

Assenti com a cabeça, sorrindo levemente para ele: "Tudo bem. Vamos para casa."

Chegamos à nossa pequena casa, e Katy veio nos receber, crescendo rapidamente nos poucos dias de nossa ausência, sem deixar vestígios de seu passado como animal de rua.

O amor, de fato, a transformava.

Aquela noite, para minha mãe e Otávio, provavelmente seria longa e insondável.

Enquanto eu ainda estava preocupada com minha mãe, senti alguém se aproximando por trás.

O frescor do banho ainda estava em sua pele, e o ar estava repleto de um aroma agradável.

"Nilton, espere, eu não..."

Assim que comecei a falar, ele me interrompeu: "Você pode tomar banho mais tarde, Marlene. Eu não posso esperar..."