Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 673

Permaneci em silêncio após ouvir toda a história.

Eu tinha ido especificamente à casa da família Barbosa, na tentativa de arrancar de Joaquim a verdade sobre a família Monteiro. Quando mencionei o nome "Monteiro", ele claramente reagiu, mas fingiu que não conhecia.

Como poderia não conhecer? Era evidente que ele tinha algo a esconder, temendo ser descoberto.

Finalmente compreendi por que Mirella, ou melhor, Lucinda, não poupou nem mesmo a idosa, sujeitando-a a tanto sofrimento.

Era um ódio visceral, uma vingança sem tréguas!

Tal como uma roda do destino, a avó ergueu a família Barbosa a alturas que não lhes pertenciam. No entanto, seus descendentes eram todos medíocres, incapazes de sustentar o legado, e a família Barbosa não conseguiu prosperar além da terceira geração.

E agora, Cátia também seguia os passos da avó da família Monteiro, aprisionada por Antonio com correntes no porão.

Isso não seria uma retribuição silenciosa do destino contra a família Barbosa?

Minha morte foi lamentável e trágica sem dúvida, mas, por outro lado, a família Monteiro também sofreu, não é?

A avó da família Monteiro foi reduzida a um objeto naqueles tempos conturbados apenas por ter um rosto bonito, um objeto ainda menos valorizado do que deveria ser.

Por sua causa, várias vidas da família Monteiro foram ceifadas. Quem, senão a família Barbosa, pagaria essa dívida de sangue?

"Sinto muito." - Baixei a cabeça.

"Marlene, você tem ideia de como sobrevivemos todos esses anos? Meu pai e o tio enlouqueceram, atormentados dia e noite pela dor da perda de nossos entes queridos. Enquanto vivermos, não podemos esquecer essa inimizade ancestral; enquanto a família Barbosa existir, a família Monteiro jamais encontrará paz."

César agachou-se diante de mim, passando os dedos pela minha face: "Todos da família Barbosa já estavam em nossa lista. Eu conheço você melhor do que você mesma. Desde o momento em que trocamos sua irmã, a vingança contra a família Barbosa começou. Porém, a vida das pessoas da família Barbosa é resistente; aquela velha ainda tinha uma vida escondida por vocês, e seus pais, Danilo, ainda estão vivos."

"Não se preocupe, eles logo estarão juntos com o velho miserável. Uma família deveria sempre estar completa. Antes que morram, vou contar-lhes a verdade, que sacrificaram sua própria filha por uma impostora! Eles morrerão sem paz!"

"Você já morreu uma vez. Não vou machucá-la novamente. Você só precisa ficar do meu lado e testemunhar o destino da família Barbosa."

"Vovô, vovó, vocês estão vendo? Uma pessoa da família Barbosa está aqui para se ajoelhar perante vocês!"

As oferendas brancas se dispersaram no horizonte com a brisa do mar.

Embora meu corpo estivesse morto, e eu carregasse apenas a alma de Marlene, ele ainda me odiava.

Eu temia provocá-lo, então permaneci ajoelhado com humildade.

César queimou algumas notas espirituais, e as chamas ficaram cada vez mais intensas.

Ele se ajoelhou ao meu lado e bateu a cabeça no chão com força: "Vovô, se você souber disso lá no além, pode descansar em paz. Agora, aquela velha está por um fio, e a família Barbosa está prestes a falir! A vingança da vovó será cumprida..."

Fitei as duas pessoas na lápide, onde estavam coladas fotos de quando eram muito jovens, aparentando ter apenas dezoito ou dezenove anos.

Apesar de serem fotos em preto e branco, era possível ver que o homem tinha um ar gentil, enquanto a mulher tinha traços delicados e encantadores, uma verdadeira beleza rara.