Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 788

Ao observar a pequena Mirella, que chorava descontroladamente, ajoelhada no chão com lágrimas rolando por suas bochechas, senti meu coração apertar.

Abracei-a por trás, dizendo: "O vento do mar lá fora está forte. Vamos entrar primeiro. Ele me disse que você é frágil e pode ficar resfriada facilmente..."

Assim que terminei de falar, Mirella chorou ainda mais. Com a voz entrecortada, perguntou: "Por que você não me contou antes, irmã?"

"Ele tinha suas dificuldades. Na verdade, ele nunca instalou um chip em você; isso foi apenas uma maneira de te assustar."

Lembrei-me da expressão de Antonio quando disse isso na noite passada, uma mistura de tristeza com um toque de ternura: "Ela é tão fácil de enganar quanto um coelhinho. Eu disse a ela que havia um chip, então ela não deveria sair correndo, caso contrário, explodiria. E ela acreditou. Não é tola?"

A tola não era Mirella, era ele.

Eu não consegui enganar Mirella como ele queria.

Com base na minha experiência amorosa com Nilton, ele estava escondendo algo para tentar salvar sua vida, pensando que era para o meu bem.

Mas eu não queria que ele carregasse tudo sozinho.

Eu não queria que Mirella se tornasse uma segunda versão de mim. Independentemente de qual for o destino deles, ao menos Mirella tem o direito de conhecer a verdade.

Ninguém pode decidir por ela, nem mesmo Antonio.

Continuei: "Naquela época, Lucinda já estava tramando. Ele não queria que você saísse e estragasse tudo, então usou o chip e a vida da pessoa da família Barbosa para te ameaçar. Naquele dia, você foi forçada a matar seu pai. Ele não queria que você carregasse essa sombra para o resto da vida. Preferiu ser odiado por você, mas salvou Joaquim sob os olhos de seu pai. Ele mentiu para mim dizendo que era a cinza de Joaquim, mas na verdade ele escondeu de Elton Monteiro e me deu a cinza da minha avó."

"Ele me pediu para esconder isso de você, para te dar um remédio que faria esquecer tudo. Sem essas memórias, você poderia viver bem, como se tivesse dormido e sonhado. Ao acordar, você viveria sua vida, seria Mirella, não a pequena Mirella."

Mirella segurava firmemente minha roupa enquanto eu a abraçava, permitindo que suas lágrimas encharcassem minha roupa.

"Senhorita, por que você me contou tudo isso?"

"Porque acho que é uma questão entre duas pessoas, e ninguém pode decidir por você. Você tem o direito de saber a verdade. O remédio está com você. É sua escolha tomá-lo ou não."