Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 858

"Cátia ainda era tão jovem, sua vida estava apenas começando. Ela ainda não tinha se casado, não tinha sido mãe, nem sido minha madrinha de casamento."

"Marlene..." Nilton me olhou com ternura.

"Por que algo assim tinha que acontecer conosco? Nilton, naquele momento eu estava segurando a mão dela. Eu cresci, fiquei mais forte, podia tê-la salvo, mas no final, o desfecho foi o mesmo de antes. Só pude assistir impotente enquanto ela desaparecia do meu mundo."

"Eu sei, sei que você fez o melhor que podia. Você foi incrível e não decepcionou ninguém."

"Mas eu realmente queria protegê-la. Com tanto esforço a tirei da família Monteiro, sinceramente acreditava que ela pudesse recomeçar. Não importava se ela não amasse ninguém, contanto que vivesse. Por que um pedido tão simples não pode ser atendido?"

Nilton gentilmente enxugou minhas lágrimas. "Cada um tem seus próprios desejos. Para nós, viver é uma bênção. Sua irmã não buscava nada, e por muitos anos esteve distante dos pais e irmãos. Antonio já era parte de seu ser, integrando-se a ela. Marlene, se fosse eu quem estivesse caindo, você hesitaria?"

Eu permaneci em silêncio, sabendo que ele estava certo, mas incapaz de controlar minhas emoções.

"Essa foi a escolha de sua irmã. Nem mesmo um deus poderia tê-la salvado, você fez tudo o que podia. Não se culpe excessivamente. Quem causou esse desfecho não foi você."

"Nilton, eu entendo tudo o que você disse, mas simplesmente não consigo aceitar que quem morreu foi Cátia. Se não houvesse esperança desde o início, não haveria esse desespero agora. O mais doloroso é perder novamente aquilo que já havia sido recuperado. Seu rosto tão cheio de vida desapareceu do meu mundo."

"Se soubesse que acabaria assim, preferia que fosse eu quem tivesse se perdido anos atrás. Assim, ela talvez não tivesse chegado a esse ponto."

"Boba, e como eu viveria sem você?"

Nilton deu um tapinha nas minhas costas. "Você dormiu por mais de dez horas. Não quis acordá-la à força. Sra. Barbosa veio, e está esperando há um bom tempo. Sua irmã mandou uma mensagem de despedida para ela. Eu contei a verdade, mas ela ouviu sobre seu desmaio e insistiu em vê-la."

Enxuguei minhas lágrimas. "Está bem, vou vê-la."

Antes, quando eu a via sem coração, sem sentimentos, eu queria que ela pagasse.

Agora, parece que se realizou. Enquanto viver, ela estará sempre na dor de ter perdido seus filhos.

A cada encontro, ela parecia mais envelhecida que na vez anterior. Seus passos eram lentos, e seu rosto mostrava nervosismo e desconforto.

Parecia muito com uma parente do interior visitando a cidade pela primeira vez.

Ela chamou baixinho: "Marlene..."

Por alguma razão, ao ouvir sua voz, as lágrimas que tinham cessado voltaram a cair.