Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 897

Era o nosso primeiro Ano Novo como uma família de quatro pessoas.

Naquele momento, para mim, parecia um sonho, algo quase inacreditável.

Olhando para os dois pequenos tesouros deitados na cama, eu podia sentir o calor deles e o leve aroma de leite que emanava de seus corpos.

Quando eu me aproximava, eles riam "gargalhando".

Tudo parecia estar melhorando.

A mão de Nilton pousou em meu ombro, "Em que está pensando?"

Foi então que acordei do meu devaneio, levantando o olhar para o homem ao meu lado, tão alto e gentil.

Levantei a mão para envolver sua cintura, encostando minha cabeça ali, um leve sorriso surgindo em meus lábios.

"Nilton, sinto que estou sonhando, realmente voltei."

Nos últimos meses, eu estava em um estado quase espiritual, tanto que, agora que estava de volta ao corpo, ainda me sentia um pouco etérea.

Nilton sentou-se à beira da cama, segurou minha cintura e me puxou para seu colo, com um sorriso terno nos lábios, "Quer que eu prove que você está viva?"

No segundo seguinte, ele segurou minha nuca e me beijou, seus lábios quentes sussurrando suavemente nos meus: "Marlene, é tão bom que você esteja viva."

Contando os dias, desde que me tornei espírito até engravidar, já estávamos separados por mais de meio ano.

Seus lábios eram tão gentis, como se eu fosse uma joia frágil aos seus olhos.

Eu sabia que ele estava apavorado no dia em que eu dei à luz, tão fraca, deitada em uma poça de sangue, a qualquer momento poderia ter partido.

Depois, fiquei de cama por meses, e ele tinha medo de me machucar, até mesmo os beijos eram assim, tão suaves.

"Nilton..."

Enlacei seu pescoço, sentindo um turbilhão de emoções.

Minha conexão com ele não era apenas física, era um anseio profundo de coração e saudade.

Eu queria compensar os dias perdidos e a preocupação que ele teve.

"Deve ser fome, vou preparar o leite para Dinora."

Nilton pressionou levemente meu corpo para baixo, "Seus pés precisam de descanso por alguns dias, não se preocupe, eu cuido disso."

Ele já havia se tornado hábil em preparar a mamadeira para os pequenos.

Peguei Dinora no colo, toquei seu narizinho com o dedo, "Desculpe, mamãe nunca te amamentou."

Dinora parou de chorar, piscando curiosa para mim, talvez pensando por que, embora meu rosto fosse o mesmo, eu parecia um pouco diferente agora?

De repente, Dinora fez beicinho, franzindo as sobrancelhas, e senti um calor em minha mão.

Um cheiro forte veio até mim.

"Ah, Nilton..."

Eu estava um pouco perdida, embora tivesse visto trocarem fraldas, ainda era uma mãe de primeira viagem.