Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 906

Ele parecia muito mais magro do que antes, quase irreconhecível.

Não havia mais impaciência, nem desdém em seu olhar.

Elegante como um nobre, como um pinheiro ou bambu.

Assenti com a cabeça, "Você está completamente recuperado?"

Foi detectado precocemente, e ele colaborou com o tratamento, o que levou à melhora.

A família Lopes passou por momentos difíceis, e embora Diogo fosse seu tio, ele dedicou muito amor a ele por tantos anos.

Após o falecimento de Adriana, Diogo ficou desolado, e Nilton, naqueles dias, se esforçava por minha causa; o patriarca já estava idoso, e o peso da família Lopes recaiu sobre seus ombros.

Comparado à última vez que nos encontramos em Vila Serena do Vale, ele havia mudado muito.

Ele não insistia mais em me chamar de Marlene, parecia ter aceitado a realidade, respeitando minha escolha, e finalmente superou a amargura do passado.

Nelson assentiu, "Sim, o problema nos rins ainda precisa ser controlado com medicação, mas não se preocupe, eu já me recuperei."

"Que bom."

Eu nunca imaginei que um dia conversaria com Nelson como amigos.

Sem amor ou ódio, como se fôssemos família.

Ele se sentou no balanço, pegou Dinora no colo. Dinora e Odilon tinham atitudes diferentes em relação a ele.

Era evidente que Odilon não gostava dele, sempre demonstrando rejeição quando era pego no colo.

Mas Dinora não, a pequena sorria, tentando pegar o clipe de gravata dele.

Ele ficou momentaneamente distraído olhando o sorriso de Dinora, pois a criança era a minha imagem e semelhança.

"Ela sorri muito como você. Lembro-me que você sorria muito quando criança, mas depois parou de sorrir tanto."

Na infância, eu era mimada pela família, o patriarca dos Lopes também gostava de mim, e até mesmo Diogo sempre sorria para mim.

Seria exagero dizer que fui muito amada.

Observei as flores de cerejeira dançando ao vento, quase vendo três Nelsons brincando no quintal da família Barbosa, enquanto nossos pais, à distância, nos repreendiam alegremente.

Isso me fazia pensar naquele filho que não chegou a nascer na vida passada.

Será que Lúcio voltaria de outra forma para o meu mundo?

Naquela noite, Nilton não voltou.

Eu não ousei ligar para perturbar, olhando para a tempestade lá fora, sem saber qual seria o resultado.

Às três da manhã, enquanto eu quase dormia, escutei risadas.

Olhei e percebi que Odilon e Dinora já estavam acordados.

Normalmente, ao acordarem, era porque estavam com fome ou precisavam trocar a fralda.

Mas naquela noite, não choraram; olhavam fixamente para um ponto, como se um conhecido estivesse brincando com eles.

Eu conhecia bem esse estado, eles certamente viam algo.

Seria...