Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 919

Janaína olhava para mim com uma expressão de incompreensão, como se eu tivesse recusado acompanhá-la ao banheiro feminino.

"Irmã, como você pode fazer isso comigo? Esses dois filhos que você tem são metade mérito meu. Pedir um não é pedir demais, não estou pedindo meio."

Evaristo estava completamente confuso. "Você contribuiu? Como assim?"

Seu olhar alternava entre mim e Janaína, até que algo pareceu ocorrer-lhe, fazendo seu rosto mudar de cor abruptamente. "Vocês, será que vocês..."

Ele cobriu a boca com a mão. "Será que o Nilton sabe disso? Cunhada, como você pode fazer algo assim! Não é à toa que ela perdeu quatro quilos naquele tempo em que você sumiu!"

Fiquei tão irritada com aquele casal que acabei rindo, e levantei para dar um tapinha na cabeça de Evaristo.

"Por favor, pare de pensar essas besteiras! Eu e Marlene somos irmãs, apenas irmãs."

Evaristo suspirou aliviado. "Que susto! Achei que ela não me aceitava porque gostava de mulheres."

Cruzei os braços e olhei para aquele homem bonito mas de intelecto limitado. "Com a sua inteligência, não é surpresa que você não a tenha conquistado."

"Cunhada, você se dá bem com Marlene, por que não me ajuda a falar com ela? Veja, você já tem dois filhos e eu ainda não consegui nem uma namorada."

Dei um aceno de aprovação a Janaína em pensamento, por ela me mostrar tantos homens bonitos todos os dias, e ainda assim resistir aos encantos de Evaristo.

Mas talvez seja porque ela só pode olhar e não tocar, por isso fica tão ansiosa todos os dias.

Balancei a mão em resposta: "Não sou casamenteira, como posso te ajudar?"

Evaristo parecia um pouco resignado e sem palavras, desanimado, mas acabou acompanhando Janaína.

Eliana também veio especialmente do interior, trazendo consigo uma quantidade generosa de ovos de galinha e de pato, além de dois gatinhos rajados.

"Esses são filhotes do nosso gato grande. Lembrei que você gostava de gatos quando era pequena, então trouxe dois para você."

Hoje em dia, Cátia, que já foi uma gata de rua, cresceu bastante e esses dois filhotes pareciam especialmente adoráveis.

"Sim." Estendi a mão para acariciar a cabeça dos gatinhos, que deviam ter sido desmamados recentemente.

"Está tudo pronto para o casamento?"

"Nilton estava preocupado com possíveis problemas, por isso verificou tudo várias vezes. Está tudo em ordem."

"Que bom."

Eliana enxugou uma lágrima no canto do olho. "Contanto que vocês estejam bem."

"Sim."

Suspirei, pois essa felicidade que não foi fácil de alcançar é algo que valorizo muito.

O tempo passou rapidamente, mesmo que eu e Nilton estivéssemos sempre juntos, com os filhos já com seis meses, ainda assim sentia um frio na barriga por causa do casamento.

Os dois pequenos finalmente pararam de mamar à noite e, quando dormiam tranquilamente, pareciam anjinhos.

Tirei o dedo de Odilon da boca de Dinora, uma menininha tão doce que, quando chorava, a voz era surpreendentemente alta.

Ter dois é ótimo, eles até têm companhia para dormir.

Assim que me deitei, Nilton entrou pela varanda.

Fiquei surpresa com sua ação. "Não combinamos que no dia antes do casamento, os noivos não se veriam?"

Ele fechava a porta enquanto vinha em minha direção.

"Mas eu sinto falta da minha esposa, e também dos meus filhos."

"Então, por que não veio pela porta da frente?"

Ele me olhou sério. "Entrar assim combina mais com o clima."

Nilton me abraçou. "Amanhã teremos que acordar cedo, é melhor descansarmos. Realmente, só consigo dormir bem com você."

"Eu também."