Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 959

Leonardo segurava uma faca em suas mãos, e a lâmina brilhava com um frio assustador. Mirella, apesar de se sentir nervosa, manteve-se destemida e apontou para a câmera de segurança próxima dizendo: "Se você me matar, não vai conseguir escapar!"

Leonardo hesitou por um momento e, instintivamente, guardou a faca.

Aproveitando a chance, Mirella virou-se sem olhar para trás e correu na direção oposta.

Ela finalmente entendeu por que Antonio insistira tanto para que ela praticasse defesa pessoal e fizesse treinamento físico; isso estava sendo útil naquele momento.

Embora não treinasse há dois anos, felizmente sua base anterior ainda estava presente.

Leonardo ficou surpreso ao ver a jovem, que parecia frágil, correr tão rápido, cobrindo uma boa distância em questão de segundos.

Ele estava dividido entre a preocupação com o ferimento de Lucinda e a vontade de perseguir Mirella, o que o deixou parado no meio do caminho, indeciso.

Lucinda estava furiosa, segurando a cabeça e batendo os pés: "Seu grandalhão, vá atrás dela!"

"Mas seu ferimento..."

"Não vou morrer, não deixe que ela escape!"

"Ah, certo."

Leonardo rapidamente começou a persegui-la, mas Mirella era rápida. Nos últimos dois anos, ela se mantivera estável com medicamentos e não tivera novas crises.

Gradualmente, ela sentiu seu coração bater mais rápido, a respiração ficou difícil e seu corpo começou a reagir de forma preocupante.

Seus pés estavam perdendo força, e Mirella estava extremamente desconfortável.

Ela queria correr para um lugar movimentado, mas estava em uma área residencial e não havia ninguém por perto, nem mesmo a segurança do local.

Leonardo se aproximava cada vez mais, e Mirella não queria arriscar seu futuro. Uma oportunidade surgiu quando um carro preto apareceu.

Era tudo ou nada!

Nas mãos de Leonardo, ela não tinha saída, mas se arriscar talvez significasse uma chance de sobrevivência.

Ela correu para o meio da estrada, e o carro parou.

Mirella abriu a porta do carro rapidamente, sem se importar com a reação do motorista, e subiu.

O jovem usava uma camisa branca impecável, segurando um livro de medicina, e olhou surpreso para a garota que acabara de entrar.

"Você..."

Mirella agarrou o pulso dele, "Por favor, me ajude, aquele homem quer me matar."

Apesar de achar a situação um tanto absurda, o jovem não a expulsou do carro e pediu ao motorista que seguisse em frente.

Os lábios de Mirella começaram a ficar roxos; ela conseguiu murmurar um "obrigada" antes de desmaiar.

Quando acordou, estava em uma cama de hospital.

Ao abrir os olhos, viu o jovem lendo ao seu lado, com a camisa branca iluminada pela luz do sol, parecendo especialmente gentil.

"Você..."

O jovem levantou o olhar para ela, "Você acordou."

"Foi você que me salvou?"

"Sim, você tem um problema cardíaco e correr assim é muito perigoso."

Mirella sentiu-se um pouco melhor, "Obrigada, como você se chama?"

"Matias Andrade."

"Eu me chamo..." Mirella hesitou, então mudou de ideia, "Filomena."

"E sua família? Você estava sem celular, não consegui contatá-los."

Ao ouvir a palavra "família", Mirella pensou na família Barbosa. Todos estavam na mesma cidade, e agora que ela estava com Antonio, se voltasse para a família Barbosa, poderia alertá-los sobre a família Monteiro.

“Cátia, desculpe, foi descuido meu. Quase te coloquei em perigo.”

“Não se culpe, estou aqui, não estou?”

Apesar de dizer isso, sua saúde estava cada vez pior, com o coração falhando, e inevitavelmente ela precisaria de um transplante.

“Cátia, descanse por alguns dias. Assim que estiver recuperada, faremos a cirurgia de transplante de coração. Já encontrei um doador compatível para você.”

Mirella mordeu o lábio e perguntou em voz baixa: “Bonitão, de onde veio o coração?”

Aquela cena aos cinco anos ficou marcada em sua memória. Ela não sabia exatamente o que Antonio fazia, mas ele estava no mesmo lugar naquele dia, então devia estar envolvido.

Antonio hesitou por um momento antes de responder: “Fique tranquila, é de uma pessoa com doença terminal que assinou a doação de órgãos antecipadamente.”

“Que alívio.” Mirella suspirou aliviada.

“Está com fome? Quer comer algo?”

“Estou...”

Agora que começava a se sentir melhor, percebeu que estava com fome e sede. Antonio levantou a mão e acariciou-lhe a cabeça, “Fique tranquila, vou preparar algo para você comer. Descanse.”

Ao sair do quarto, ele ligou para um número, “O coração está pronto? Precisamos fazer a cirurgia o mais rápido possível.”

“Pode ficar tranquilo.”

Mirella apoiou o rosto nas mãos e olhou para o horizonte, com uma expressão de desapontamento. Ela tinha estado tão perto de sua família.

Se Bonitão tivesse demorado um pouco mais...

Pela primeira vez, ela pensou em ir embora.

A presença de Lucinda a deixava inquieta; ela queria voltar para a família Barbosa!