Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 969

Mirella ficou perplexa. Tudo à sua frente a deixou incapaz de pensar. Como poderia ter acontecido algo assim entre ela e Antonio?

Deixando de lado as rivalidades entre as famílias Monteiro e Barbosa, ele era como um pai para ela, Nelson, que a criou com tanto carinho. Embora não tivessem laços de sangue, no coração de Mirella, ele era como um verdadeiro pai.

Mas...

Mirella vagamente lembrou de alguns fragmentos. Não podia culpar Antonio, porque desde o início tudo foi iniciativa dela!

Ela não culpava Antonio. Para ser justa, ele sempre a tratou bem, mas Mirella simplesmente não conseguia aceitar.

Ela já era adulta e não era mais tão fácil de convencer como quando era criança, quando uma simples palavra dele a fazia permanecer na ilha por tanto tempo.

Mirella só conseguia pensar em retornar para a família Barbosa. Elas estavam destinadas a serem rivais; como poderia haver um vínculo como esse?

Lágrimas caíam, uma a uma, molhando seus cílios e umedecendo a pele de Antonio.

"Senhorita, você está se sentindo mal?" Ele levantou a mão para enxugar suas lágrimas.

Mirella não disse nada, apenas deixou as lágrimas caírem incessantemente, uma cena que tocava profundamente.

"Senhorita, não me assuste. Não guarde nada no coração. Se houver algo, por favor, me diga, está bem?"

Antonio segurou seu rosto, encarando seus olhos úmidos, cheio de preocupação. "Será que fiz algo errado? Você está machucada?"

Mirella encontrou o olhar preocupado de Antonio. Ela mordeu os lábios e murmurou baixinho: "Desculpe, Bonitão, eu estava sob o efeito de medicamentos e realmente perdi a razão. Eu... eu não queria isso."

Antonio acariciou gentilmente suas costas, "Senhorita, você não precisa se culpar. Na verdade, há muito tempo que eu gosto de você. O que aconteceu ontem foi de minha própria vontade. Como eu disse, a partir de agora, vou cuidar de você."

Mirella arregalou os olhos de surpresa. "Bonitão, o que você disse?"

Antonio a encarou e disse, palavra por palavra: "Senhorita, eu gosto de você. Quero cuidar de você por toda a vida."

Antes, sem saber que ele gostava dela, tudo bem, mas agora, ao descobrir a verdade, Mirella não se sentia feliz, mas sim incapaz de aceitar.

"Sempre te vi como um pai, e você tem esse tipo de sentimento por mim."

Os sentimentos de Mirella eram tão puros que Antonio não esperava uma reação tão intensa dela e rapidamente tentou explicar: "Senhorita, não é assim. Embora eu goste de você, nunca..."

"Não me toque, isso é repugnante." Mirella o empurrou.

Antonio ficou paralisado olhando para suas mãos, sem saber como lidar com os sentimentos entre ele e Mirella.

Ele realmente não esperava que a reação de Mirella ao acordar fosse assim.

"Senhorita, embora eu goste de você, nunca pensei em possuí-la."

Mirella o afastou. "Eu preciso de um tempo sozinha."

Quando Antonio saiu, as lágrimas de Mirella caíram incontrolavelmente.

Mirella tocou o colar em seu pescoço, presente de aniversário que Antonio lhe dera no ano em que ela deixou a ilha. O design era único, e ela gostava tanto que sempre o usava.

Havia um rastreador escondido ali!

Por isso, fosse no aeroporto ou agora, o problema era o colar.

Se ela o tirasse de repente, ele ficaria desconfiado. Mirella sabia que precisava continuar usando o colar, mas tinha que escapar o mais rápido possível, ou nunca teria outra chance.

Ela tomou uma decisão e esperou até que Antonio entrasse novamente. Ao vê-la com os olhos vermelhos de tanto chorar, ele ficou cheio de compaixão.

“Não chore mais, Cátia. Sinto muito. Você está sem comer há um dia e uma noite. Vamos comer algo, está bem?”

Era exatamente isso que Mirella esperava ouvir, e ela assentiu, ainda soluçando.

“Boa menina, o que você quer comer? Vou pedir para o pessoal do hotel trazer.”

Mirella queria fugir, mas estava sem forças, e suas pernas ainda doíam. Por ora, teria que jogar o jogo dele.

Depois de comer, Antonio sugeriu levá-la para casa. Ela sabia que aquela casa estava cercada de câmeras de segurança e que, se voltasse, seria ainda mais difícil fugir. Precisava encontrar uma desculpa para ficar.

“Bonitão, minhas pernas doem, minha cintura está cansada. Não quero ir a lugar nenhum.”

Lembrando-se do que haviam feito no dia anterior, as orelhas de Antonio ficaram imediatamente vermelhas. “Quer que eu te faça uma massagem?”