Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 987

Antonio acabou indo embora, e Mirella nem teve coragem de acompanhá-lo até a saída. Ela apenas o observou pela janela do quarto e depois correu até o terraço para vê-lo partir.

Antonio sentiu o olhar ardente às suas costas, mas não ousou olhar para trás.

Sem poder lhe prometer um futuro, ele não quis alimentar mais esperanças nela.

Cátia, esqueça-me e recomece a sua vida.

Mirella já o havia visto partir muitas vezes naquela ilha, e naqueles momentos, ela sabia que, não importava quanto tempo ele ficasse longe, nem quantas vezes partisse ou para onde fosse, um dia ele voltaria para aquela ilha.

Mas, desta vez, Mirella teve a sensação de que Antonio não retornaria mais.

Aquele dia, na ilha, já deveria ter sido uma despedida definitiva. Como não haviam se despedido adequadamente, restou este último encontro.

No entanto, as pessoas são gananciosas e sempre querem mais.

Ela não queria se separar de Antonio assim; queria ter um futuro ao lado dele.

Mirella foi levada de volta ao quarto por Marlene e chorou copiosamente em um local onde ninguém pudesse vê-la.

Ela não queria preocupar Marlene, mas tampouco desejava romper o vínculo que a unia a Antonio.

Com a prisão de Dandara Martins, os planos da organização voltaram a ser expostos.

Matias Andrade, ansioso para partir, também queria levá-la consigo. Mirella percebeu que esta era a única chance de ver Antonio e ajudá-lo.

Por isso, sem que Marlene soubesse, Mirella procurou Nilton em segredo e pediu esse favor. Com o convite de Matias, ela aceitou embarcar.

Nilton hesitou: “Você é a pessoa mais importante para Marlene. Ela lutou muito para te encontrar de novo. Se algo acontecer com você, ela ficará arrasada. Esta é uma decisão do Antonio; ele não quer que você se arrisque.”

“Mas, cunhado, se fosse minha irmã em perigo, você também tentaria me convencer com tanta calma?”

Nilton a fitou profundamente: “Se passar de certo limite, nem eu poderei te proteger. Você pode não voltar dessa vez.”

Mirella ajoelhou-se diante dele, os olhos cheios de determinação: “Então que seja para nunca mais voltar.”

O homem suspirou resignado: “Está bem, eu concordo.”

Eram todos do mesmo mundo; mesmo que Nilton tentasse mantê-la ao seu lado à força, Mirella daria um jeito de fugir.

Se ele não pudesse controlá-la depois, era melhor ao menos conceder sua permissão agora e assim protegê-la o quanto pudesse.

Mirella curvou-se profundamente: “Obrigada, cunhado. Por favor, cuide bem da minha irmã. Não permita que ela fique triste por minha causa. Esta é uma escolha minha. Espero que ela possa entender.”

Mirella aproveitou um momento em que Marlene estava em consulta pré-natal para fugir.

Me desculpe, irmã. Agora que você já tem alguém que te ama, um filho e uma família feliz, já não precisa mais de mim.

Mas Antonio não tem nada. Ele só tem a mim.

Eu não posso vê-lo ir para a morte!

Depois de sair do hospital, Mirella tirou os sapatos, soltou o cabelo e caminhou descalça por vários quilômetros.

Quis fugir, mas Marlene, temendo por sua segurança, quis trancá-la em casa.

As duas discutiram, e, num impulso, ela saiu correndo.

“Dr. Andrade, eu não quero voltar. Minha irmã... minha amiga quer me trancar. Não quero ficar presa, estou com muito medo...”

Ela fingiu um colapso nervoso, pois Matias também era da organização e sabia, em linhas gerais, do passado dela com Antonio.

Aos olhos dos outros, a família Monteiro, querendo vingança contra os Barbosa, a mantivera presa desde pequena, deixando-lhe traumas profundos.

Por isso, quando Marlene sugeriu trancá-la, ela reagiu com tanta intensidade.

Mirella puxou os próprios cabelos, e Matias segurou suas mãos: “Acalme-se, ninguém vai te prender.”

Mirella então segurou a mão dele: “Dr. Andrade, por favor, me leve embora. Qualquer lugar, desde que eu não fique presa.”

Interpretando perfeitamente uma mulher mentalmente fragilizada, ela dissipou todas as dúvidas de Matias.

“Está bem, vou te levar.”

Assim, Mirella embarcou no navio de cruzeiro sem dificuldades. O navio era grande, e ela e Antonio embarcaram em horários diferentes, o que dificultou o reencontro imediato.

Ela ficou no deque, olhando o mar à distância.

Bonitão, estou mais perto de você agora.