Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 991

Mirella organizou seus pensamentos e saiu, mesmo que sentisse muita relutância em seu coração, naquele momento ela teve que partir.

Quanto mais tempo passava com Antonio, mais perigoso ele se tornava; ela não podia revelar a identidade dele.

Antes de sair, Antonio lhe entregou um frasco de remédio, cujo conteúdo, em pequenas doses, poderia fazer um homem desmaiar.

Logo, Mirella apareceu novamente na casa de jogos eletrônicos. Ali havia muita gente, e mesmo que ela tivesse sumido por alguns minutos, ninguém notou.

Pouco depois, Matias a encontrou. Mirella estava cabisbaixa em frente à máquina de pegar bichinhos de pelúcia.

“Por que está triste?” perguntou Matias.

Mirella fez um biquinho. “Gastei mais de cem fichas e só consegui pegar este aqui.”

Ela abraçava um boneco de pelúcia bem feio.

Matias riu levemente. “Como assim? Não gostou?”

“É difícil alguém gostar disso aqui.”

“Vou pegar um melhor pra você.”

“Pode ser.”

Matias levou-a para outra máquina de bichinhos. Um após o outro, vários bonecos foram sendo pescados, e Mirella bateu palmas de felicidade.

“Nelson, você é incrível.”

Ela abraçou todos os brinquedos, seu rostinho exibia pura empolgação.

Matias observou a jovem e, vendo o sorriso brilhante dela, não pôde deixar de sorrir com ternura também.

Por que teria se apaixonado por Mirella? Talvez tenha sido naquele ano, quando ela apareceu em sua vida vestindo um vestido branco e com os cabelos soltos.

Naquele breve encontro, ele achou que seria apenas uma passageira em sua vida. Mas, com o passar dos anos, nunca mais encontrou olhos tão puros e sinceros.

Ele, alguém mergulhado na escuridão, sempre ansiava pela luz.

Agora que finalmente reencontrara Mirella, queria preservar aquele sorriso.

Depois de pegarem os bichinhos, Mirella pareceu confiar ainda mais nele. Ela se agarrou ao braço de Matias.

Entre um homem e uma mulher, a interação física é o melhor meio de estreitar laços.

Mesmo sabendo que Antonio a observava de longe, ela sentiu que precisava agir assim.

Quanto mais íntima se mostrava com Matias, mais ele baixava a guarda.

“Nelson, vinho tinto é gostoso? Posso provar?”

Matias ficou um pouco surpreso; Mirella já não era tão jovem, mas considerando seu passado, ele entendeu.

“Vou servir um pouco para você.”

“Não, quero beber do seu.”

Mirella se levantou e foi até ele, parando bem à sua frente, e com um tom sedutor perguntou: “Pode ser?”

A garganta de Matias se mexeu. “Pode.”

Aquele desejo natural que Mirella transmitia era o que mais o encantava.

No momento em que ficou de costas para ele, Mirella colocou o remédio no vinho.

Ela balançou suavemente a taça, tomou um pequeno gole diante de Matias e logo franziu as sobrancelhas.

“É horrível.”

Ela correu até a beira do mar para vomitar e depois enxaguou a boca bebendo bastante água.

Matias deu leves batidas em suas costas. “É normal não se acostumar logo na primeira vez que bebe álcool.”