Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 999

Era ele, o seu Bonitão!

Antes que ele pudesse reagir, Mirella lançou-se nos braços do homem.

"Bonitão, senti tanta saudade de você, naquela época eu realmente pensei que você tinha morrido! Ainda bem que está bem, ainda bem..."

Ela repetia essas palavras sem parar, sem perceber que o homem que abraçava não demonstrava qualquer reação; ele ainda perguntou: "Quem é você?"

O corpo de Mirella ficou completamente rígido. Incrédula, ela levantou a cabeça e olhou para o homem à sua frente.

Na sobrancelha dele havia um pequeno corte, provavelmente causado pela queda do penhasco.

Aquele rosto que ela conhecia há vinte anos, cada traço era tão claro e vívido.

Ela murmurou atônita: "O que você disse? Bonitão, sou eu, sou a Cátia."

Mesmo vestida com roupas masculinas, com o rosto sujo de cinzas, ele não poderia deixar de reconhecê-la.

Os olhos de Antonio baixaram, pousando sobre aquela mulher disfarçada de homem diante dele.

Lágrimas deslizavam lentamente pelo rosto dela, formando dois traços úmidos.

A pele clara destacava-se em contraste com o tom ao redor.

Ele não sabia quem era a garota à sua frente, mas, ao ver suas lágrimas, sentiu um inexplicável aperto no coração.

"Ah... Ning..." Essas sílabas escaparam de seus lábios como se já tivessem sido pronunciadas milhares de vezes.

"Bonitão, o que aconteceu com você? Você se machucou em algum lugar?"

O olhar dele era tão estranho que Mirella suspeitou seriamente de uma possível lesão cerebral.

Se ele tivesse esquecido dela, não importava; elas poderiam se conhecer novamente.

O peso psicológico de Antonio sempre fora muito grande—esquecer o passado, na verdade, seria uma bênção.

Ela ainda queria dizer algo, mas ouviu vozes vindo de longe; ele imediatamente puxou Mirella para dentro do quarto.

Era um quarto nupcial. Embora a casa não fosse luxuosa, até mesmo um pouco deteriorada, estava visivelmente bem arrumada.

Fitas vermelhas estavam penduradas por todo o ambiente, e um grande símbolo de felicidade colado acima da cabeceira da cama feriu os olhos de Mirella.

Ela nunca imaginara que, ao finalmente encontrar seu Bonitão, ele não só teria esquecido dela, como também estaria prestes a se casar com outra pessoa.

Sim, ela já deveria ter notado.

Ele vestia trajes típicos de um grupo étnico—ela não sabia exatamente qual, mas percebia que eram sumamente solenes.

As lágrimas caíam ainda mais intensamente. Ela apertou o peito, murmurando baixinho: "Bonitão, você vai se casar com outra, não quer mais a Cátia?"

"Quem sou eu? Que relação temos? Por que sinto dor ao ver você chorar?"

Ao ouvir isso, Mirella sentiu uma dor profunda no coração.

Seu Bonitão jamais mudara; mesmo que a mente dele tivesse esquecido dela, o corpo ainda mantinha, instintivamente, o amor por ela.

As lágrimas dela escorriam ainda mais. "O nosso relacionamento..."