Ex-marido Frio: Amor Inesperado romance Capítulo 170

Rafael passou a noite inteira sentado na varanda, sentindo o vento noturno soprar sobre ele.

Dificilmente ele já tinha passado uma noite assim, em completo silêncio, sozinho com seus pensamentos, relembrando e refletindo.

Mesmo quando ele lembrava de Amélia, rapidamente se forçava a focar sua atenção nos estudos ou para o trabalho, evitando saudades e memórias.

Mas naquela noite, ele passou a sentir uma saudade fora do normal daquele último ano do ensino médio, quando conheceu a menina que primeiramente era um pouco acanhada, mas que, com o passar do tempo, passou a se mostrar esperta e até um tanto travessa.

Ele ainda conseguia se lembrar de como Amélia se soltou um pouco mais na presença dele.

Após um semestre como colegas de classe, a familiaridade e a cumplicidade que desenvolveram permitiram que ela mantivesse ainda uma certa reserva perto dele, mas essa reserva conseguia esconder a juventude e malícia típicas daquela idade.

Ela fazia charme, ficava apegada a ele, às vezes era teimosa e conseguia ser até birrenta, mas repentinamente tomava a iniciativa para fazer as pazes, como uma menina que se recusa a crescer.

No segundo semestre, ela até pediu para ser transferida de volta para o canto da sala onde ele ficava.

Realmente, eles haviam tido um período de grande intimidade.

Naquela turma onde não eram muito próximos de ninguém, ela e ele tinham um tipo de afeição e proximidade que os outros não percebiam.

Mas ele não tinha ideia quando tudo começou a mudar. Amélia foi recuando em sua proximidade, na sua travessura encantadora e nas pequenas birras.

Ela se tornou mais contida, meiga, extremamente gentil e compreensiva, perdendo completamente sua antiga ousadia.

Após a formatura do ensino médio, ela foi se afastando da vida dele de maneira calma e silenciosa.

Quando voltaram a se reencontrar depois de quatro anos, ela estava ainda mais serena e formada.

Durante os dois anos de casamento, Amélia era calma e tranquila, sem desavenças ou confusão, mas aquela menina do terceiro ano do ensino médio, que mesmo tímida trazia um brilho malicioso nos olhos, que fazia charme e birras, não mais existia.

Rafael sentiu uma repentina saudade da Amélia que havia conhecido naquele ano do ensino médio, a Amélia ainda com coração de menina.

------------------------

No dia seguinte, a caminho do trabalho, Rafael encontrou Amélia dentro do elevador.

Ele dirigiu até a garagem subterrânea e não pegou o elevador privativo dos andares superiores, mas sim o comum.

O elevador, ao parar no térreo, as portas se abriram, e uma multidão começou a entrar.

No meio das pessoas que entravam, Rafael notou Amélia seguindo o fluxo para dentro do elevador.

Amélia também o viu, vacilou um pouco em olhar e depois desviou calmamente a atenção, ficando quieta em um canto do elevador, observando as portas que lentamente se fechavam.

Seu olhar e expressão seguiam o que ela havia dito anteriormente, de serem apenas estranhos, apenas estranhos, tudo bem?

Era o que ele também tinha concordado em fazer.

Rafael também não a cumprimentou, permitindo que seu olhar passasse por entre a multidão e pousasse sobre o perfil tranquilo dela.

Ela estava à frente e à esquerda dele, cada um em seu canto.

O elevador estava lotado, mas, em razão de sua altura, Rafael ainda podia observar Amélia no meio das pessoas.

Ela parecia estar tranquila e serena, como tinha estado nos últimos anos.

Mas a menina que o olhava com seus olhos redondos e puros, pedindo gentilmente : "Rafael, não entendo este exercício, você pode me explicar?" havia desaparecido.

Rafael não conseguia se lembrar exatamente quando aquela Amélia começou a desaparecer.

Dava a impressão que repentinamente, ela parou de se apegar a ele, de pedir ajuda com os exercícios, começou a se manter mais distante, sempre calma e séria na presença dele, sem mais ondulações emocionais, assim como agora.

Conforme o elevador ia parando nos diferentes andares, as pessoas iam saindo.

Quando o elevador chegou ao décimo sétimo andar, Amélia saiu, sem olhar para trás, sem cumprimentar ou se despedir.

Realmente, como ela havia dito, apenas estranhos.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Ex-marido Frio: Amor Inesperado