Ex-marido Frio: Amor Inesperado romance Capítulo 319

Amélia e Rafael encontraram um restaurante de chá nas proximidades da empresa e sentaram-se em uma sala privada.

O restaurante foi escolhido por Amélia, assim como a sala.

"É algo importante?", perguntou Rafael, observando a privacidade excepcional do estabelecimento, enquanto puxava uma cadeira para si e, gentilmente, outra para Amélia.

Amélia assentiu levemente.

Ela começou a se sentar e pegar a chaleira para servir o chá, mas Rafael tomou-a de suas mãos e serviu uma xícara para cada um, antes de passar-lhe o cardápio.

Amélia fez apenas dois pedidos simbólicos do menu antes de devolvê-lo a Rafael.

Rafael também escolheu algumas coisas ao acaso antes de fechar o menu.

Nenhum deles estava ali para comer.

"Então, sobre o que é?", Rafael perguntou, colocando o menu de lado e olhando para ela calmamente.

Amélia hesitou por um momento sob seu olhar.

Rafael a observava com olhos escuros, profundos e calmos, o que deixou Amélia inexplicavelmente nervosa.

Ela baixou os olhos brevemente, tomou um pequeno gole de chá e começou a falar baixinho: "Quando voltei a Zurique pela primeira vez, eu estava indecisa sobre aceitar ou não o projeto do resort. Nosso professor, o Sr. Carlos que você conhece, estava lá em uma visita acadêmica e me convidou para jantar, me aconselhando a não desistir do projeto do resort."

Amélia olhou para Rafael: "Estávamos em um restaurante perto da escola quando um homem esbarrou em mim ao passar. Eu olhei para ele e percebi que era aquele homem baixo e gordo que encontramos no estacionamento do Hotel Amanhecer em Zurique, o Hugo Santos, não é? Aqueles dois que tentamos evitar no estacionamento."

Rafael pareceu um pouco surpreso com o assunto, olhou para ela e, após um momento, assentiu levemente.

"O homem que estava comendo com Hugo também era o homem alto e magro que encontramos no estacionamento, junto com ele", Amélia continuou baixinho, olhando para ele. "Ouvi Hugo chamá-lo de Sr. Rocha. Durante o jantar, esse Sr. Rocha perguntou como estavam as coisas do lado de Hugo, que respondeu que não havia problema, que a pessoa já estava colocada na empresa e era de confiança, pedindo ao Sr. Rocha para ficar tranquilo."

Rafael a olhou, sem responder.

"Naquele momento, Hugo disse algo sobre como era difícil entrar no Grupo Amanhecer, que o departamento de pessoal era estável, com pouca rotatividade e quase nenhuma vaga de emprego externo durante o ano. Só porque o Grupo Amanhecer estava iniciando uma nova subsidiária e precisava de novos funcionários é que não teriam que esperar 'até o dia de São Nunca'. A subsidiária a que ele se referia provavelmente era o Escritório de Arquitetura, que estava sendo estabelecido na época. Então, comecei a suspeitar que, entre nós, os novos funcionários, poderia haver alguém infiltrado por eles."

"É por isso que você decidiu voltar?", Rafael perguntou lentamente, olhando para ela.

Amélia mordeu o lábio, pensativa por um momento.

"Metade e metade", ela respondeu suavemente.

"Por que demorou tanto para falar sobre isso?", Rafael questionou, sua voz ainda calma, como se estivesse em um interrogatório, aparentemente indiferente ao fato de que alguém poderia ter sido infiltrado em sua empresa.

"O homem se chama Rocha. Justamente quando encontramos ele e o Hugo no Grupo Amanhecer, Fabiana também estava hospedada no Hotel Amanhecer", Amélia hesitou. "Depois, pedi para verificar as informações escolares da Fabiana, e na seção do pai estava escrito Leonardo Rocha. Procurei esse nome na internet e descobri que um homem com esse nome é a cara do homem alto e magro que encontramos."

Amélia deu uma pausa, e então olhou para Rafael: "Afinal, isso envolve a Fabiana, e por coincidência...”

Ela fez uma nova pausa: “É a Helena. Minha relação com ela é delicada, sem provas, eu prefiro não falar muito para evitar ser mal interpretada, como se eu estivesse tentando difamá-la intencionalmente.”

“Além disso, desde que entrei na empresa, fiz questão de obter o currículo de cada membro da equipe e também fico atenta a todos os movimentos deles, mas até agora, todos parecem agir normalmente, só indo e vindo do trabalho.” Amélia adicionou em tom suave, “Eu e Sr.Ferreira demos a eles tarefas bastante rotineiras, que não envolvem segredos comerciais. Os computadores da empresa têm um sistema de firewall muito seguro, dispositivos externos não conseguem invadir nosso sistema nem acessar informações importantes. Então pensei em apenas observar mais um pouco.”

Rafael a observou sem se mover: “Então, você encontrou alguma prova agora?”

Amélia balançou a cabeça: “Não.”

Rafael: “Então, por que escolheu falar sobre isso agora?”

Amélia apertou os lábios, hesitante.

Rafael notou como as mãos dela sobre a xícara estavam ligeiramente tensas, os dedos finamente pressionados contra a borda da xícara, marcando uma leve depressão branca na pele.

Seu olhar se deteve brevemente nessa marca antes de voltar-se para o rosto dela.

Amélia levantou os olhos para encontrá-lo, com uma expressão serena: “Amanhã é a cerimônia de lançamento do Projeto do Resort, uma ocasião tão importante, com jornalistas presentes, fiquei com receio de que aproveitassem para causar problemas, por isso achei melhor te avisar, para podermos nos prevenir.”

Rafael: “A empresa sempre tem um plano de emergência completo para grandes eventos, além de uma equipe de segurança altamente qualificada. Ninguém conseguirá causar problemas em uma ocasião como esta, você não sabia?”

Amélia forçou um sorriso: “Sou nova na empresa, não estava ciente desses detalhes.”

“Desculpe, estou sendo excessivamente preocupada.” Ela disse em voz baixa.

Rafael também moveu seus lábios brevemente, sem emitir som.

Nesse momento, a porta se abriu e o garçom trouxe os pratos, colocando-os cuidadosamente na mesa, interrompendo brevemente a conversa.

“Bom apetite.”

Após arrumar os pratos, o garçom, junto com outros funcionários, saiu e fechou a porta do salão privado.

Rafael pegou os talheres, serviu-se despreocupadamente de algo e colocou no prato dela, falando calmamente enquanto procedia de modo relaxado:

“Amélia, você desceu há pouco tempo?”

Amélia sentiu seu coração acelerar e lançou um olhar involuntário a Rafael.

Mas a Amélia de hoje estava excepcionalmente forte, embora com os olhos vermelhos, a voz ainda era suave e calma, mas suas palavras eram extremamente frias.

"Você sabe se eu ousaria ou não," ela disse, com sua voz suave começando a engasgar.

Rafael a encarou furiosamente, sem dizer uma palavra.

Ele se viu preso, sem poder avançar ou recuar.

Ele deveria saber que esperar que ela fosse aberta e honesta era simplesmente impossível.

Desde que começou a suspeitar da identidade de Laura, ele deveria ter pego um fio de cabelo dela para fazer o teste de paternidade, em vez de deixar-se levar por um momento de hesitação, caindo novamente numa posição passiva.

Uma vez que ela tomava uma decisão, nunca se deixava dissuadir.

Rafael sabia que tinha que apostar desta vez.

Mas, por mais que soubesse que tinha 99,9% de chance de ganhar, aqueles 0,1% eram algo que ele não podia perder.

Como Amélia disse, ele sabia se ela ousaria ou não.

Ele sabia muito bem se ela ousaria.

As imagens dela saindo fraca da sala de cirurgia de aborto, deitada no hospital, continuavam a assombrá-lo, misturadas com a negação de todos ao seu redor sobre sua gravidez, e a foto dela sem sinais de gravidez, junto com o resumo de alta do hospital amarelado indicando "aborto realizado", criavam uma confusão em sua mente, fazendo-o olhar para ela com olhos cada vez mais frios.

Ele sempre soube que Amélia era inteligente, mas nunca imaginou que ela usaria toda a sua inteligência contra ele.

Ele detestava sua inteligência extrema, até mesmo sua astúcia.

Ela astutamente evitou usar o resultado do teste de paternidade entre ele e Laura como condição para negociação, em vez disso, de maneira enganosa, fez do resultado do teste entre ela e Laura uma ameaça.

Isso deixava outra possibilidade aberta: Laura poderia ser sua filha, mas não necessariamente de sangue.

Ela havia passado por uma cirurgia de aborto, tinha um resumo de alta indicando a terminação da gravidez, ninguém ao seu redor havia visto sua gravidez, suas fotos não mostravam sinais de gravidez...

Tudo isso o lembrava de outra possibilidade: ela havia perdido o filho deles, mas adotou outra criança.

Isso pode ser impossível para outras mulheres, mas para ela, tornava-se plausivelmente verdadeiro.

Porque a Amélia que ele conhecia sempre foi uma pessoa de convicções fortes e determinação surpreendente.

Neste mundo, não havia nada que ela não ousasse fazer, apenas o que ela não queria fazer.