Ex-marido Frio: Amor Inesperado romance Capítulo 638

Cecília estava em casa acompanhando Laura.

Laura brincava silenciosamente com os blocos de montar no tapete de atividades da sala de estar, enquanto ela a observava, mas se sentia desanimada e sem energia.

Embora estivesse fisicamente presente, observando Laura, sua mente estava inundada com lembranças dos dois anos em Zurique, vivendo com Amélia e cuidando de Laura juntas. Ela não conseguia controlar a acidez que subia pelo seu nariz nem as lágrimas que teimavam em inundar seus olhos.

A descoberta de um corpo feminino no mar pela polícia nos últimos dias havia deixado seu coração pesado e dolorido, impossibilitando-a de trabalhar ou viver normalmente. A mera menção de Amélia a fazia chorar incontrolavelmente.

Ela achava que, após tanto tempo, já teria se acostumado com a ausência de Amélia, mas percebeu que estava apenas se enganando.

Afinal, comparado com a ausência de notícias, receber a confirmação da morte de alguém é desolador.

A ideia de que Amélia realmente havia partido deste mundo fazia com que ela não conseguisse conter as lágrimas, por mais que tentasse.

Nos últimos dias, ela frequentemente se perguntava se as coisas teriam sido diferentes se tivesse impedido Amélia de voltar. Eles haviam sido tão felizes em Zurique, e Laura também.

Mas agora...

Involuntariamente, ela olhou para Laura, que ainda segurava o ursinho de pelúcia que Amélia havia dado, abraçada a ele como se fosse seu tesouro mais precioso, sem mostrar nenhum sinal da alegria ou felicidade típicas de uma criança de sua idade.

Cecília se deu conta de que Laura não sorria há muito tempo.

A menina sempre se comportava de maneira calma e obediente, lembrando Amélia, mas sua maturidade precoce era de cortar o coração.

Talvez percebendo o olhar de Cecília, Laura parou de brincar com os blocos por um momento e virou-se lentamente para olhá-la, com um olhar ligeiramente confuso e perdido.

Cecília não conseguiu desviar o olhar a tempo, e Laura viu seus olhos vermelhos e lacrimejantes.

"Madrinha?" Laura chamou baixinho, com uma voz cheia de confusão.

"O que aconteceu?"

Ela perguntou, colocando os blocos de lado, mas não largou o ursinho de pelúcia, se levantando trêmula e pegando alguns lenços de papel na mesa para entregar a Cecília.

"Obrigada, Laura." Cecília soluçou e a abraçou. "A madrinha está bem, só entrou um cisco no olho."

"Ah." Laura assentiu, meio que entendendo, sem perguntar mais.

Ana, que estava limpando os móveis perto deles, também notou os olhos vermelhos de Cecília e se sentiu mal.

Ela havia observado as reações de Rafael e Cecília nos últimos dias, compartilhando da tristeza deles.

A descoberta do corpo feminino no mar também a fez confrontar a realidade de que Amélia realmente não voltaria mais.

Se ela, que era uma estranha, sentia tanto, imagina o que a família estaria passando.

Ela entendia a dor de Cecília e não queria incomodá-la, esperando até que o celular de Cecília no tapete de atividades acendesse para avisá-la: "Cecília, seu telefone."

Cecília virou-se ao ouvir a voz, vendo que era Bruno ligando. Ela assoou o nariz e tentou compor seu humor antes de atender.

"Onde você está?"

Assim que a ligação foi atendida, a voz animada de Bruno soou do outro lado.

"Estou em casa." Comparada à alegria evidente de Bruno, a voz de Cecília soou calma e quase sombria. "O que aconteceu?"

Cecília levantou Laura e a levou de volta ao quarto para trocarem de roupa. Justo nesse momento, o celular tocou com a ligação de Igor.

Ele já estava esperando no térreo do prédio.

Cecília levou Laura até o carro, e eles partiram em direção ao Hospital do Porto, localizado na área suburbana.

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No quarto do hospital

A saída de Bruno deixou o quarto do hospital em um breve silêncio.

Amélia não sabia se era porque Rafael ainda lhe era muito estranho, mas ela ainda se sentia desconfortável estando sozinha com ele.

O tópico interrompido se tornava um pouco embaraçoso para retomar depois daquele momento de emoção.

Rafael, notando sua expressão cansada, falou suavemente: "Tente dormir mais um pouco."

Amélia acenou com a cabeça: "Sim."

Ela se aconchegou sob o cobertor, e Rafael se aproximou para ajeitar a ponta do cobertor para ela.

A proximidade entre eles aumentou com esse gesto, e Amélia ainda não estava muito acostumada com essa intimidade.

"É que..." Amélia apertou o cobertor, baixando os olhos e perguntou timidamente, "Eu posso ver... a foto do bebê?"

Ele ainda era muito estranho para ela, ela não conseguia se referir diretamente a ele dizendo "nossa filha", então ela escolheu dizer "o bebê" em vez disso.