Ex-marido Frio: Amor Inesperado romance Capítulo 744

"Eu..."

Amélia olhou para ele com um olhar complexo.

Ela estava confusa agora, sem saber como responder à sua pergunta, embora suas palavras a tenham tocado profundamente.

"Sou muito grata por você ter me explicado tanto, e nunca estive zangada com você por ter me enganado." ela explicou baixinho, "Só estou... um pouco desorientada, um pouco perdida."

"Desde que você me tirou daquele navio, e eu acordei e vi você pela primeira vez, você e Cecília, todos vocês me disseram que éramos marido e mulher, e eu não tinha dúvidas disso. Nos últimos dias, eu vi todas as coisas boas que você fez por mim, e fiquei tocada, acreditei verdadeiramente que você me amava. Talvez tivéssemos alguns pequenos problemas no passado, mas isso não interferiu no nosso sentimento. Mas então, de repente, fui informada que na verdade já estamos divorciados há anos e que só estávamos juntos por causa dos filhos. E os nossos problemas não eram pequenos como eu pensava..."

Ela não conseguia dizer exatamente o que era.

A carta que ela escreveu antes de perder a memória a deixou muito triste.

A pessoa que ela era no passado nunca teve um lar, nunca foi amada.

Seja a família de origem ou a vida conjugal, ela sempre foi sozinha.

A vida dela nos últimos vinte e poucos anos não foi tão feliz quanto esses poucos dias recentes.

"Não sei por que, só sinto uma tristeza profunda." Amélia inspirou fundo, tentando controlar as lágrimas, "Aquela carta me fez... sentir muita pena da Amélia do passado. Eu realmente não queria saber disso. Se pudesse escolher, preferiria continuar vivendo na ilusão que você criou para mim... Eu não posso substituir a mim mesma no passado..."

Amélia não conseguiu continuar.

Embora ainda não tivesse recuperado a memória, o choque trazido pela carta foi ainda maior, pois ela só registrava as partes ruins de sua vida passada, sem deixar nada de bom. Isso a fez querer voltar no tempo e abraçar a si mesma do passado, e então contar a ela tudo o que Rafael acabara de dizer, para mostrar que ela não estava sozinha. Talvez, assim, a ela do passado não se sentisse tão desesperada.

Era uma sensação de divisão, como se a Amélia atual e a do passado fossem duas pessoas diferentes, separadas pela perda de memória. A Amélia sem memória não podia tomar decisões pelo seu eu do passado.

Amélia não conseguiu continuar falando, mas as lágrimas continuavam caindo sem parar.

Rafael a abraçou com força.

As lágrimas dela rapidamente molharam sua camisa, quentes e úmidas, penetrando em sua pele, fazendo seu coração doer.

A dor se espalhou por seu corpo como uma maré.

Não era apenas por causa da Amélia atual, mas também pela Amélia que havia se curado sozinha no passado.

Mas ele não podia voltar ao passado.

Ele não podia abraçá-la como fazia agora.

Para a Amélia atual, sem as memórias e feridas do passado, seu abraço era apenas um abraço.

Por mais que ele dissesse "desculpe", não significava nada para ela.

Antes, ele tinha medo dela não se lembrar, e também tinha medo dela se lembrar.

Mas agora, ele temia que ela nunca se lembrasse.

Amélia não sabia quanto tempo havia chorado.

Era como se chorasse por si mesma, e também pela Amélia que já havia "morrido".

A Amélia daquela carta era como se já estivesse morta, e ela não pôde esperar por um "eu te amo" de Rafael até o fim.

Ela odiava sua amnésia, mas estava impotente.

"Quero tentar ver o médico novamente amanhã."

Depois de um tempo, ela finalmente falou com voz rouca.