Ex-marido Frio: Amor Inesperado romance Capítulo 777

Sophia não se envolveu mais com António, Lívia e os demais, virando-se e partindo.

António observava sua silhueta desaparecendo ao longe, perdido em pensamentos, sem se mover.

No estacionamento subterrâneo de luzes tênues, Rafael estava sentado no carro, olhando sem expressão para a tela do celular que mostrava a gravação da câmera de segurança.

Quando a imagem de António, abatido, apareceu na tela, uma leve mudança se manifestou em sua expressão.

Ele permaneceu em silêncio por um momento antes de abrir a porta e sair do carro.

António e Lívia estavam prestes a deixar o local quando, ao se virarem, viram Rafael saindo do elevador.

A surpresa iluminou seus rostos naquele instante.

"Cunhado."

Felipe o chamou alegremente, avançando entusiasmado para cumprimentá-lo.

Rafael passou por ele como se não o visse, indo diretamente até António.

O sorriso de Felipe congelou no ar, junto com sua mão estendida.

O sorriso no rosto de Lívia também se tornou rígido, e ela sentiu uma pontada de tristeza por seu filho ser ignorado, mas ainda assim cumprimentou Rafael com um sorriso: "Rafael, acabou de chegar?"

Mas, assim como aconteceu com Felipe, Rafael não lhe deu atenção e continuou caminhando em direção a António, parando diante dele.

"Sr. Mendes," Rafael o chamou, "precisamos conversar."

"Sobre o quê?"

Lívia, não se importando com o desdém anterior de Rafael, aproximou-se e perguntou.

Por fim, Rafael, considerando o fato de ela ter criado Amélia, voltou-se e lhe lançou um olhar.

"Você também deve participar desta conversa."

Em seguida, ele girou sobre os calcanhares e abriu a porta.

Lívia e António hesitaram antes de olhar para dentro da casa, parecendo indecisos.

Felipe, que era muito mais alto que os dois idosos, podia ver facilmente a sala de estar da posição em que estava, seus olhos vagando pelo ambiente em busca de qualquer vestígio de Amélia.

Rafael abriu a porta e, após um "entrem", entrou primeiro.

António, Felipe e Lívia o seguiram para dentro.

Os três observavam a casa instintivamente.

Rafael sabia o que eles procuravam, mas optou por não comentar, sentando-se à frente deles antes de olhá-los nos olhos.

"Amélia não é filha de vocês," Rafael declarou, indo direto ao ponto.

Os três o olharam surpresos.

Eles nunca haviam mencionado a Rafael que Amélia não era sua filha biológica, e não entendiam como ele poderia saber disso ou por que o trazia à tona agora.

António não se lembrava de ter deixado escapar esse detalhe durante as bebidas com Bruno; naquela época, ele estava bêbado e mal se lembrava do que tinha dito.

"O que... o que você quer dizer?" António perguntou, sua voz trêmula.

"Sr. Mendes, discutiremos isso mais tarde em particular," Rafael respondeu, antes de se voltar para Lívia: "Senhora, sou muito grato por você ter criado Amélia."

Ele tirou um cartão bancário da carteira, segurando-o entre os dedos enquanto olhava para ela: "Há uma quantia neste cartão, considere-o um agradecimento pelo cuidado que você teve com Amélia."

Lívia lançou um olhar ao cartão bancário e depois para Rafael, lutando para manter o sorriso: "Rafael, isso é... o que você quer dizer?"

Rafael respondeu: "Eu sei que você nunca gostou de Amélia e nunca a viu como sua filha. Desde o dia em que ela chegou à sua casa, você nunca a tratou bem, nunca lhe mostrou afeto, e ela nunca sentiu um pingo de calor neste lar."

A expressão de Lívia se tornou visivelmente desconfortável.

António não esperava que Rafael tivesse um apartamento ali, e olhou ao redor, impressionado.

"Reconhece de quem é este apartamento?" Rafael perguntou, observando-o examinar o lugar.

António balançou a cabeça, confuso.

Rafael olhou para ele: "Você sabe o que Amélia fazia?"

António hesitou, ainda balançando a cabeça em negação.

Rafael continuou: "Você sabe o que ela gostava de comer? O que gostava de fazer?"

António ficou atônito, ainda sem poder oferecer uma resposta.

"E sobre como ela vivia antes em casa, você sabe?" Rafael perguntou novamente.

Após uma hesitação, António acenou com a cabeça.

Os olhos de Rafael tornaram-se ligeiramente mais intensos: "Quando ela era maltratada por sua esposa e filhos, você a defendeu?"

António baixou a cabeça, sem dizer uma palavra.

"Por que, depois de salvá-la, você não chamou a polícia? Por que não a entregou às autoridades?" a voz de Rafael se tornou mais severa.

"Eu... eu não sabia o que fazer..." talvez assustado pelo tom de voz repentinamente severo de Rafael, a voz de António falhou, "quando ela acordou, tinha esquecido de tudo, não lembrava seu próprio nome, nem quem eram seus pais, onde morava. Ela estava assustada e não queria ficar com ninguém, apenas agarrava-se ao meu casaco, implorando para não a deixar, com medo de ser abandonada. Ela chorava, perguntando se poderia vir comigo para casa, prometendo se comportar. Eu senti pena dela, então a levei para casa. E como ninguém veio procurá-la, pensei em cuidar dela até que crescesse..."

Rafael sabia que ele não estava mentindo.

Tanto os fragmentos de memória que Amélia recuperou ao ver o colar de Fabiana Rocha quanto a confirmação que ele posteriormente buscou com os médicos e enfermeiros do hospital da época confirmavam que António havia salvado Amélia e a levado ao hospital, e depois, a pedido dela, a levou para casa para cuidar.

"Eu me culpo por ter sido tão fraco no passado, não consegui protegê-la adequadamente, permitindo que ela sofresse muitas injustiças em nossa casa," António disse, já chorando.

Rafael olhou para ele: "Você tem noção de quanto ela sofreu naquela casa?"