"E além disso, você sabe," Giselle fez uma pausa, "antes de receber a notícia do seu acidente, eu tinha acabado de vir do Hospital Municipal, nossa mãe está internada há vários dias."
Zélia ficou surpresa e perguntou, "O que aconteceu com ela?"
Vendo a preocupação nos olhos de Zélia, Giselle explicou, "Não se preocupe, foi apenas uma gripe combinada com complicações de uma gravidez tardia, agora ela está bem. Podemos visitá-la juntas em outro dia."
"Eu não quero vê-la." Zélia baixou a cabeça.
"Eu não quero reconhecê-la, eu não vou."
Giselle segurou a mão dela, "Mana, ela teve a filha agora porque queria compensar você. Ela me disse pessoalmente que considera a nova filha como a sua reencarnação."
Zélia levantou a cabeça.
"É verdade, ela disse que teve a filha com o novo marido pensando em compensar o que te devia, querendo começar do zero."
As lágrimas de Zélia caíram novamente, "Você sabe quanto tempo eu os odiei? Ano após ano, alimentando esse ódio, incluindo aquela outra mulher."
"Por que me tiveram se me odiavam?"
"Por que me tiveram e não me amaram?"
"Por que me bateram e me maltrataram, me ferindo quando eu era apenas uma criança?"
"Por que nem mesmo quando caí do penhasco me procuraram? Tantos anos, cruelmente indiferentes."
"Você sabe... quando eu via aqueles cartazes de pessoas desaparecidas, como eu ansiava e invejava. Desapareci por tantos anos, e Elisa e Eduardo nunca me procuraram, nem mesmo para publicar um anúncio."
"Agora eu não quero reconhecê-las, deixe-as pensar que morri, morta há tantos anos,"
"Camila morreu há muito tempo, quem vive agora é Zélia."
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