Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 128

Como Beatriz podia dizer que nunca gostou dele?

Tudo o que viveram nesses dois anos... O sorriso dela na foto da certidão de casamento... Tudo isso era prova, não era?

— Você se apaixonou por outro, não foi? Só pode ser isso! — Gritou Gabriel, sem conseguir aceitar. — Quem é ele? É aquele veterano da faculdade, não é? Quando foi que vocês começaram a se envolver?!

Tomado por um surto de ciúmes, Gabriel explodiu. Mas logo se lembrou da relação ambígua que teve com Vitória por tanto tempo, e de como isso machucou Beatriz.

De repente, percebeu que nem tinha mais o direito de acusar.

— Se você terminar com ele agora, eu... Eu deixo isso pra trás. Juro que não me importo. — Disse, tentando conter a emoção, engolindo o orgulho. — Estamos quites agora. Então ninguém tem moral pra julgar ninguém. Me diz onde você tá, eu vou te buscar.

Do outro lado da linha, Beatriz só conseguia ouvir aquele homem latindo como um cão raivoso. Perdeu a paciência de vez:

— Você não entende o que é um "não"? Eu disse que acabou entre nós. Você não ama a Vitória? Então ótimo! Agora que estamos divorciados, aproveita e casa com ela. Desejo a vocês tudo de bom: que fiquem presos um ao outro pro resto da vida. Que nunca mais se separem. E você e eu... Nunca mais.

Ela encerrou a ligação, sem querer ouvir mais nada. Do outro lado da linha, ainda deu pra escutar um grito, abafado pelo encerramento abrupto da ligação.

Dentro do carro, parado na rua...

Gabriel encarava o celular com os olhos vermelhos, o corpo tenso, os punhos fechados com tanta força que tremiam.

Beatriz não queria mais perdoá-lo.

Ela disse que nunca o amou.

E ainda teve a generosidade cruel de desejar que ele fosse feliz com outra mulher.

Ha... Hahaha...

Que generosa ela era, não? Desejar felicidade com outra? Incentivá-lo a casar com a mulher que causou tudo aquilo?

Misturado entre fúria, tristeza e desespero, Gabriel nem conseguia mais gritar.

Desabou sobre o volante, sufocado por um choro silencioso.

Ele só queria uma chance. Uma única. Por que Beatriz tinha que ser tão implacável?

Todo mundo erra... Por que ela precisava ser tão fria, tão cruel?

Gabriel ficou em silêncio por alguns segundos. Rafael já estava achando que ele não ia responder, quando finalmente ouviu a voz abafada do outro lado:

— A Beatriz me ligou agora há pouco.

— Sério? Mas isso é uma boa notícia! Ela disse onde está? — Perguntou Rafael, animado.

Mas Gabriel não respondeu à pergunta. Em vez disso, deixou a dor escorrer pela voz:

— Ela... Disse que tem outro homem. Que gosta de outra pessoa. E... Que nunca gostou de mim.

Ela disse isso. Com todas as letras. Meu avô... Ele já tinha falado que forçou a Beatriz a se casar comigo. Ela nunca teve sentimentos por mim desde o começo!

Enquanto falava, as lágrimas escorriam pelo canto dos olhos.

Rafael, do outro lado da linha, ouvia o desabafo rasgado do chefe, a voz entrecortada pelo choro. Já nem sabia mais o que dizer para consolar ou disfarçar a dor do outro.

Soltou um longo suspiro e tentou sugerir, com cuidado:

— Então... Talvez o senhor devesse considerar se casar com aquela modelo. O senhor gostava tanto dela antes, e ela ainda gosta do senhor. Vocês dois, quem sabe...